Rio Branco, 3 de junho de 2025.

Ambiente tóxico no trabalho: reconhecendo os sinais de alerta

Por Nelize Fernandes

O assédio no ambiente de trabalho é mais comum do que imaginamos e pode acontecer de várias formas. Basicamente, acontece quando alguém importuna outra pessoa de maneira abusiva, seja através de perseguições, propostas inadequadas ou insistências que deixam a vítima em situação constrangedora. Essa prática pode ocorrer tanto pessoalmente quanto através de meios virtuais, criando um ambiente tóxico que afeta profundamente a vida profissional e pessoal das vítimas. Conhecer os diferentes tipos de assédio é fundamental para identificar quando estamos vivenciando ou presenciando essas situações, pois muitas vezes o que parece ser apenas “jeitinho” do chefe pode ser, na verdade, uma prática abusiva.

O assédio moral costuma ser mais sutil, mas não menos prejudicial, e normalmente acontece por exemplo quando um funcionário recebe sobrecargas de tarefas com prazos impossíveis de ser cumprido ou, ao contrário, retira todas as suas responsabilidades, criando uma sensação de inutilidade. Outras práticas comuns incluem ignorar completamente a pessoa, impor punições vexatórias como “dancinhas” humilhantes, controlar excessivamente ida ao banheiro ou criar regras específicas só para determinada pessoa.

Vale destacar que existe uma diferença clara entre gestão rigorosa e assédio. Cobrança por resultados, críticas construtivas e até mesmo advertências quando necessário são parte natural do ambiente profissional. A linha vermelha é cruzada quando essas práticas se tornam sistemáticas, desproporcionais ou claramente direcionadas para humilhar e constranger, perdendo qualquer função educativa ou organizacional.

Existe também o assédio organizacional, que parte da própria estrutura da empresa e atinge grupos inteiros de funcionários. Isso acontece quando a gestão adota práticas abusivas para aumentar a produtividade, estabelecendo metas irreais, prazos impossíveis e criando um clima de competição destrutiva. O resultado desse tipo de postura da empresa pode acarretar ansiedade generalizada, depressão, insônia, síndrome de burnout e problemas de saúde física relacionados ao estresse crônico. Já o assédio sexual vai desde convites inadequados e contatos físicos não desejados até comentários de duplo sentido e gestos inapropriados, sendo que muitas vítimas ficam em silêncio por medo, e na maioria das vezes por não conseguir provar o ocorrido.

Quando um funcionário detectar que está passando por alguma dessas situações, o primeiro passo é comunicar o problema aos setores responsáveis da empresa, como ouvidoria, ou recursos humanos, é importante que seja documentado sempre por escrito e guardando cópias. Caso o assediador seja seu chefe direto, procure o superior dele. Quando a empresa não resolve adequadamente, busque ajuda externa através de sindicatos, associações profissionais ou órgãos de classe, que costumam ter experiência em lidar com esses casos. É fundamental manter um registro detalhado de todas as situações, incluindo data, horário, testemunhas e descrição completa do ocorrido.

O importante é não aceitar situações abusivas como algo normal ou “parte do jogo” corporativo. Todo mundo tem direito a um ambiente de trabalho saudável e respeitoso, independentemente do cargo ou tipo de contrato. Em casos mais graves, considere ingressar na Justiça por danos morais, lembrando sempre de reunir provas e buscar acompanhamento psicológico. Lembre-se de que buscar ajuda não é sinal de fraqueza, mas sim de coragem.

Nelize Fernandes

Advogada trabalhista e previdenciária e colunista do Portal Acre.

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Nelize Fernandes

Advogada especializada em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, além de ser pós-graduanda em Direito Previdenciário. Ela atua como presidente da Comissão de Direito Previdenciário e é conselheira da OAB/AC (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Acre)

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