Rio Branco, 30 de maio de 2025.

Sem Fronteira

Em audiência pública, deputado chama transferência do Centro POP de falta de bom senso

A audiência pública realizada nesta quinta-feira, 29, na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), teve como principal objetivo, debater sobre a transferência do Centro POP (Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua), para o bairro Castelo Branco.

Adailton Cruz chamou transferência de Centro POP de falta de bom senso, radical e unilateral: Foto Luís Oliveira/Portal Acre

O momento contou com a presença de representantes do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), Tribunal de Justiça do Estado do Acre (TJAC), Defensoria Pública do Estado do Acre (DPE/AC), das associações de moradores e líderes dos movimentos em defesa da população em situação de rua. O secretário de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH), João Marcos Luz, representou o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom.

A audiência foi presidida pelo deputado estadual Adailton Cruz (PSB), que iniciou sua fala afirmando que aquele momento era de escuta e aprendizado. “Estou aqui para aprender e ouvir. Esse tema tem sido discutido exaustivamente, mas não podemos nos furtar dos debates que afetam a população de Rio Branco. Não é o momento de fazer politicagem, mas de contribuir e ajudar de coração”, disse o parlamentar.

Na sessão de quarta-feira, 28, o deputado do PSB chamou a decisão de “falta de bom senso”, radical e unilateral.

Com o direito à fala, a moradora do bairro Castelo Branco e professora aposentada, Ivanira Carlos, de 68 anos, fez um clamor para a retirada do espaço do bairro residencial. “Em nenhum momento nós fomos ouvidos, e há muito tempo nós pedimos por essa oportunidade. Nós estamos acampados em frente àquela casa há 15 dias. Não é preconceito, em nenhum momento agredimos as pessoas em situação de rua. Somos pessoas dignas e merecemos respeitos”.

Durante a sessão, o vídeo de uma pessoa em situação de rua foi exibido para o público. Nas imagens, o homem, que não teve o nome divulgado, fala em nome da população e diz que não quer ir para o local. “Aqui não tem nada pra gente, não tem nem um cobertor, só tem é ‘boniteza’, e os moradores estão todos revoltados aí”.

Ex-morador de rua diz que local adequado pode mudar vidas: Foto Luís Oliveira/Portal Acre

Daniel Nascimento, que já viveu em situação de rua e atualmente integra o movimento em prol da comunidade, compartilhou a sua trajetória e afirma que um local adequado, que atenda às necessidades, pode transformar vidas. “Se tiver uma força maior, existe uma chance de que as pessoas em situação de rua consigam chegar a um lugar melhor. Da rua, pode surgir médicos, professores, juízes. Mas para isso, precisa existir um espaço real de acolhimento”.

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