Rio Branco, 17 de maio de 2025.

Contem Vida

O fenômeno das mães de boneca

Por Yara Vital

Tem gente embalando, trocando fralda, levando ao pediatra e até registrando no cartório — tudo isso por uma boneca. As bebês reborn, aquelas bonecas hiper-realistas que parecem recém-nascidas de verdade, saíram do nicho artesanal e invadiram as redes sociais como um verdadeiro fenômeno pop. Mas o que antes era visto como item de colecionador, hoje virou um palco de polêmicas, julgamentos e… muita exposição.

Influenciadoras adultas que se declaram “mães reborn” fazem enxovais completos, simulam rotinas maternas, e criam vínculos emocionais profundos com as bonecas. Algumas até dizem que as reborns ajudaram a superar traumas de perdas gestacionais ou o luto de um filho. Outras, simplesmente, afirmam que encontraram ali uma forma de carinho, cuidado e expressão pessoal.

Mas é claro que a internet — esse grande tribunal de opiniões — não ia deixar barato. Do outro lado do ringue, surgem os críticos: gente que acusa as “mães reborn” de escapismo, fetichismo, desequilíbrio emocional, e até de querer se esconder da vida adulta numa espécie de maternidade fabricada. E como tudo que viraliza hoje em dia, esse debate também virou entretenimento: cortes sensacionalistas, vídeos de reação, e memes que zombam dessas mulheres.

A questão é: por que isso nos incomoda tanto?

Talvez o ponto mais provocador não seja a boneca em si, mas o que ela revela sobre nossos vazios — emocionais, afetivos, sociais. Vivemos tempos de relações frágeis, lutos não elaborados, hiper exposição e uma demanda urgente por afeto. Será que cuidar de uma reborn é mesmo sinal de loucura? Ou seria só um novo (e inusitado) jeito de pedir colo?

E você, leitor: o que pensa sobre isso?
Estamos assistindo a um surto coletivo, a um novo tipo de autocuidado, ou apenas ao espetáculo de uma sociedade que vive para performar? Me conta lá — porque até boneca está ganhando mais atenção do que muita gente de verdade.

Yara Vital é empresária do digital, influenciadora e colaboradora do Portal Acre.

Assista ao vídeo:

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