Durante a inauguração do maior complexo industrial de café da agricultura familiar da Região Norte, realizada neste sábado, 28, em Mâncio Lima, autoridades das esferas federal, estadual e municipal ressaltaram a importância do investimento para o desenvolvimento socioeconômico do Acre e da Amazônia.

O Complexo, fruto da parceria entre a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Cooperativa de Café do Juruá (Coopercafe), recebeu um aporte de R$ 10 milhões, sendo R$ 8 milhões da ABDI e R$ 2 milhões da cooperativa.
O complexo já está em pleno funcionamento há 60 dias, movimentando a economia local e transformando a realidade de centenas de famílias.
Para o analista da ABDI e líder do projeto, Eduardo Tosta, a estrutura representa um salto tecnológico para a cadeia produtiva da região.
“Aqui temos possibilidade de produzir café de alta qualidade, inclusive para exportação. O que o produtor demoraria três semanas para fazer em casa, aqui ele realiza em 36 horas com muito mais qualidade e padrão internacional”, afirmou.
O prefeito de Mâncio Lima, Zé Luís Gomes, destacou o novo patamar em que o município se insere. “Mâncio Lima é uma terra produtiva e esse investimento está mudando a história das pessoas. É um novo tempo para nossa agricultura.”

Representando o Senado, o senador Sérgio Petecão fez questão de frisar o papel estratégico da liderança local na atração do recurso. “Se nós não estivéssemos com a Perpétua lá na ABDI, jamais esse investimento teria vindo pra cá. Precisava ter uma acreana para mostrar para o governo federal que o nosso povo paga caro por morar na Amazônia, para seguirmos preservando precisamos da contrapartida de investimentos como esse.”
O prefeito de Cruzeiro do Sul, Zequinha Lima, chamou atenção para a importância de garantir infraestrutura adequada para que o café da região possa ganhar o mundo.
“Isso aqui é uma grande vitória. A partir disso tudo aqui é natural que o crescimento vá acontecer. Mas todos nós sabemos a dificuldade que é a BR-364. Não vamos nos contentar apenas em plantar e beneficiar o café aqui, queremos agregar valor e precisamos de uma porta de saída. Por isso todos nós lutamos por uma BR trafegável, pra que a gente possa levar o café do Juruá, o café do Acre, pro Brasil e pro mundo.”
O impacto regional também foi reconhecido por prefeitos de outras localidades, como Olavinho Boiadeiro, de Acrelândia. “Acrelândia ainda é o maior produtor de café do estado, mas com uma estrutura como essa aqui em Mâncio Lima, se não nos organizarmos, podemos ficar para trás. É uma alegria ver que tudo isso começou com as primeiras mudas que saíram da nossa região.”
A Assembleia Legislativa do Acre também marcou presença no evento. O presidente da Aleac, Nicolau Júnior, reforçou o compromisso da Casa com o fortalecimento da agricultura familiar. “Muita gente que plantou e está plantando café está conseguindo mudar de vida. E a Assembleia sempre vai estar ao lado do cooperativismo.”

O deputado Pedro Longo, presidente da Frente Parlamentar das Cooperativas, elogiou o modelo adotado. “No cooperativismo todos ganham, porque tudo é dividido entre os que participam. Esse modelo mostra que, quando as energias se somam, até o que parece difícil se torna possível.”
Representando o governo federal, Camilo Capiberibe, diretor da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), destacou a eficiência da estrutura: “Fiquei impressionado com a agilidade da construção e com a organização da cooperativa, que ainda entrou com uma contrapartida significativa. Aqui temos geração de riqueza com custo de funcionamento muito mais baixo.”
O Complexo de Café do Juruá opera com energia solar 100% limpa, reaproveitamento de água da chuva e práticas sustentáveis, além de beneficiar diretamente cerca de 2 mil pessoas. O parque tem capacidade de processar até 20 mil sacas de café por safra e já se consolida como referência para toda a Amazônia Legal.