Rio Branco, 7 de junho de 2025.

Sem Fronteira

Dificuldade em ler e escrever: Como saber se meu filho tem Dislexia?

dislexia

Por Lane Valle

Crianças que não conseguem reconhecer palavras que já tenham lido ou estudado, com dificuldade de ler e escrever, que não conseguem realizar atividades que envolvam rimas e combinações de sons, que fazem trocas de letras por outras de forma parecida, como d e b ou t e f, mesmo que o som não seja igual. Hora de ligar o alerta para a dislexia.

Mas, calma. Antes que fique preocupado e saia correndo para pesquisar no google, vou te antecipar uma coisa: Dislexia não é doença, muito menos significa falta de inteligência. Aliás, fazendo um adendo, fontes históricas indicam que gênios como Leonardo Da Vinci, Picasso, Einstein e Darwin eram disléxicos.

Então, se você é pai ou mãe e desconfia que seu filho possa ter dislexia, não se assuste. Antes de saber como ajudar a criança com dislexia, primeiro é necessário entender o que é esse transtorno que afeta áreas da leitura, escrita e soletração, atingindo crianças de todos os níveis educacionais.

Reforçando, a dislexia não é uma doença, mas sim, um distúrbio de aprendizado, cujos sintomas tornam-se mais evidentes durante a fase da alfabetização. Em diferentes graus, crianças disléxicas não conseguem estabelecer a memória fonêmica, isto é, associar os fonemas às letras.

Infelizmente, o transtorno ainda é de difícil compreensão e diagnóstico. Por isso é tão importante estar atento aos sinais e procurar ajuda quando perceber que a criança está tendo dificuldades de aprendizagem.

Na maioria das vezes, o diagnóstico é feito por exclusão, em geral por equipe multidisciplinar (médico, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, neurologista). Antes de afirmar que uma criança é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem.

Ao perceber indícios do transtorno, é recomendado buscar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para que o médico faça os encaminhamentos à assistência especializada, caso necessário. Vale destacar que a identificação precoce da dislexia tem uma função crucial no desenvolvimento cognitivo dos pequenos. O transtorno não impede uma pessoa de ter sucesso e qualidade de vida, porque o disléxico pode contar com adequações curriculares que possibilitam o aprendizado

Portanto, pais, mães e, principalmente, comunidade escolar, tenham acesso às informações necessárias para identificar a dislexia e ter consciência das amplas possibilidades de o disléxico ter sucesso na sua vida escolar e profissional, pois a ausência de conhecimento pode levar ao grande equívoco de achar que a dificuldade em sala de aula tem relação com indisciplina, falta de interesse ou preguiça.

O conhecimento pode evitar restringir e estigmatizar as pessoas com dislexia. Há muita criança sem o diagnóstico adequado, privada de várias oportunidades e de uma condução correta ao seu desenvolvimento.

Fique atento aos sinais!

Na fase da pré-escola:

  • Dispersão;
  • Fraco desenvolvimento da atenção;
  • Atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem
  • Dificuldade de aprender rimas e canções;
  • Fraco desenvolvimento da coordenação motora;
  • Dificuldade com quebra-cabeças;
  • Falta de interesse por livros impressos.

Alguns sinais na Idade Escolar

  • Dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita;
  • Inversão ou omissão de sílabas
  • Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras);
  • Desatenção e dispersão;
  • Dificuldade em copiar de livros e da lousa;
  • Dificuldade na coordenação motora fina (letras, desenhos, pinturas etc.) e/ou grossa (ginástica, dança etc.);
  • Confusão para nomear entre esquerda e direita;
  • Dificuldade em manusear mapas, dicionários, etc.;
  • Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas;

O próximo passo: diagnóstico

Saiba que com acompanhamento, carinho e brincadeiras, é possível ajudar as crianças a aprender e se desenvolver adequadamente.

O tratamento pode ser feito a partir das intervenções fonoaudiológicas associadas à psicoeducação, aulas de reforço individual e psicoterapia. 

Lane Valle é fonoaudióloga, jornalista e colaboradora do Portal Acre.

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