Rio Branco, 20 de junho de 2025.

Ela só queria comprar pão. Ele não aceitava o fim.

Luana Rosário saiu de casa por volta das 7h da manhã para comprar pão.

Naquela manhã ela vivia uma rotina comum, de uma mulher comum.

Mas ela não voltou!

No caminho, foi surpreendida pelo ex-marido, José Rodrigues de Oliveira, que não aceitava o fim do relacionamento.

Familiares se emocionam em velório de Luana: Foto Daigleíne Cavalcante

Com uma faca em mãos, ele a atacou com golpes fatais.

Luana tinha 45 anos, era mãe de três filhos e de uma mulher comum, de repente, passou a ser conhecida por todo o estado, pelas manchetes do jornal, ela virou vítima de feminicídio, virou estatística.

Depois do crime, o agressor tentou justificar o injustificável por meio de áudios, enviados ao filho. Disse que Luana “estava aprontando demais”.

O feminicídio foi filmado por câmeras de segurança. A brutalidade está registrada. Mas é no silêncio do luto que ecoa o verdadeiro grito.

No velório, o cenário é de dor dilacerante. Uma mãe, já idosa, se despede da filha. Os filhos, agora órfãos de mãe, tentam entender o que é perder a mulher, que era referência do lar, para a violência do próprio pai.

Esse assassinato ocorreu na mesma semana em que o Mapa da Violência revelou que o Acre ocupa o 7º lugar entre os estados com maior taxa de feminicídio do Brasil.

Não é coincidência.

É consequência de um país que falha sistematicamente em proteger suas mulheres.

É reflexo de uma cultura que ainda romantiza controle, normaliza ciúmes e ignora os sinais.

Porque antes da faca, vêm os gritos, os empurrões, os xingamentos, os chutes na porta, o medo.

Eles avisam. Sempre avisam.

Luana só queria ter o direito de recomeçar: Foto Daigleíne Cavalcante

Luana foi mais uma que tentou seguir em frente. Disse “chega”. Tentou recomeçar. E, por isso, foi morta.

O nome dela agora entra para uma estatística. Mas Luana não era um número. Ela era mulher. Era mãe. Era filha. Era trabalhadora.

Não há como suavizar: o feminicídio é o estágio final da violência que tantas mulheres enfrentam em silêncio.

E mesmo quando denunciam, o Estado não consegue às proteger de fato.

Hoje, José está preso, Luana está morta, três filhos e uma mãe, familiares e amigos ficaram apenas com a dor da perda.

A pergunta que fica é: Quem vai comprar o pão amanhã? E quem será a próxima a sair de casa e não voltar?

A verdade é cruel: Enquanto não levarmos a sério os sinais, os alertas, as denúncias…

Enquanto o Estado seguir ineficiente…

Enquanto o machismo for tolerado dentro das casas, das escolas, das instituições…

Mulheres seguirão morrendo.

E cada “me perdoa, meu filho” de um assassino será mais um testemunho do que não conseguimos impedir.

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Daigleíne Cavalcante

Daigleíne Cavalcante é jornalista com 17 anos de experiência, palestrante, mentora e estrategista em comunicação e oratória.

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