Rio Branco, 28 de junho de 2025.

ALEAC

“Eu sei que o café vai mudar a minha vida”, diz produtora que deixou emprego formal para se dedicar à agricultura

É no Ramal Belo Jardim, às margens da BR-364, que fomos conhecer a história de Gabriela Tavares, 24 anos, mãe de uma criança ainda de colo.

Gabi, como é chamada pelos amigos e familiares, é a prova de que há um novo movimento na produção agrícola do Acre impulsionada pelo café. Filha de produtores rurais, criada no “mato”, já tinha abandonado a atividade rural, desistido do campo e procurado um trabalho “normal”.

Gabi se emociona ao lembrar do esforço para conseguir a primeira safra de café na área de seu pai: Foto Leônidas Badaró

Mas, a estabilidade de uma carteira assinada, de um emprego formal como cuidadora de idoso, não trazia felicidade ao coração de Gabi. Afinal, a pequena área terra, de duas hectares, tem, além de tudo, valor sentimental.

“Eu nasci e me criei aqui nessa colônia, o meu pai comprou em 2000 e eu criei amor. Eu sou apaixonada por esse pedaço de chão e meu sonho sempre foi viver daqui, tirar meu sustento da minha terra, de construir algo em cima do que meu pai comprou com tanto esforço”, conta Gabi.

Só que, além da área, Gabi precisava descobrir uma vocação para a terra e para seu sonho de viver da pequena produção rural. Foi aí que surgiu o café e os planos de se tornar uma empreendedora do campo começaram a se materializar. E nem a gravidez foi empecilho para começar a produzir. Até perto da filho nascer, Gabi esteve na “lida” todos os dias. Cada pé de café plantado tem a marca das mãos de Gabi. O amor de jovem contagiou os familiares e o café se tornou um sonho familiar.

“Aqui é minha paz, desde a minha gravidez eu trabalho aqui sozinha, venho trabalhar, aqui é  minha calmaria eu sou apaixonada pelo café, tenho a ajuda do meu pai. Eu trabalho todo santo dia nessa terra e é uma felicidade que não tem tamanho. É eu, meu pai e minha mãe e ainda tem o meu irmão que tá morando em Mato Grosso, ele foi trabalhar pra mandar o dinheiro pra ajudar a gente na produção. Aqui vai ser o café da Família Tavares, mais pra frente, vou mandar ajeitar blusas, chapéu, vai ser tudo lindo e organizado”, diz, emocionada.

Ao lado do pai, em meio a lavoura, Gabi diz ter certeza que o café vai a vida da família: Foto Leônidas Badaró

A reportagem do Portal Acre acompanhou um dia de trabalho de Gabi na primeira safra de café que será colhida. Com uma roçadeira nas mãos, Gabi não para direito nem para conversar, os olhos brilham ao olhar a lavoura saudável. São seis mil pés plantados e a meta é  aumentar a área produzida.

“Minha meta é plantar umas 15 mil muda de café, né? Se Deus quiser, eu vou conseguir, eu e minha família”.

Apesar do desejo de Gabi em se tornar uma produtora de café, a jovem agricultora nunca tinha trabalhado com o plantio do grão. Foi aí que entrou uma parceira imprescindível, chamada assistência técnica. Desde o início do plantio, a Secretaria de Agricultura (Seagri) tem feito o trabalho de acompanhamento técnico com as orientações sobre o manejo adequado da lavoura, incentivo com calcário e fertilizantes necessários para uma produção saudável.

“A gente não consegue trabalhar sem assistência, né. Aqui a gente tem o acompanhamento que vem até a propriedade, que orienta o que a gente precisa fazer, a quantidade certa de calcário, porque sem um técnico, a gente planta, mas não fica perfeita, e a minha plantação tá perfeita, é a minha primeira safra e eu digo que tá perfeita”, afirma.


A assistência técnica no local é dada por uma equipe da Seagri. Michelma Lima, agrônoma, especialista em café, conta que a produção tem transformado a vida de produtores rurais como Gabi.

Assistência técnica garante o manejo correto das plantas e uma produtividade alta: Foto Leônidas Badaró

“Hoje, nós somos o segundo maior produtor de café canéfora da Região Norte, só perdendo para Rondônia. O café vem fazendo um diferencial nas vidas das pessoas, a gente fala em transformações. Quando pegamos o exemplo da Gabi, uma jovem produtora, que tinha realmente um emprego fixo, e ela vê no café uma oportunidade de transformação de vidas, da sua, de  uma criança que ela tem e dos seus pais, realmente a gente vê que de fato o café é mais que uma alternativa de renda, ele transforma de vidas”, afirma.

Michelma explica o tem sido feito na área para melhorar a produção de Gabi. “Aqui a gente identifica alguns ajustes que a lavoura precisa para que ela atinja o maior potencial produtivo possível, estamos fazendo análise de solo nessa lavoura, se antecipando ao controle das doenças que são comuns nas lavouras de café para garantir uma safra excelente aqui na terra da Gabi”, explica.

Para o secretário de Agricultura do Acre, José Luis Tchê, Gabi é o exemplo do quanto o café pode ser uma alternativa ao pequeno produtor acreano. “Não estamos falando de grandes propriedades, mas do pequeno, daquele que precisa ainda mais da nossa ajuda com assistência técnica, apoio na correção do solo que garanta uma produção de alta qualidade. Por isso, estamos investindo tão alto em tecnologia para o campo. Um exemplo é o equipamento inovador que vamos lançar agora na Expoacre Juruá que vai fazer a análise do solo da propriedade em tempo real e, tenho certeza, vai virar a chave na produção rural do Acre”, conta.

“Eu sei que o café vai mudar a minha vida”, diz Gabi Tavares: Foto Leônidas Badaró

Ao nos despedir da área de café de Gabi, a frase que fica na mente é dita por quem tem a confiança de que sabe que, por meio do suor do trabalho e do amor por uma terra, as coisas vão melhorar. ““Eu sei que o café vai mudar a minha vida”, diz Gabi Tavares.

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