Rio Branco, 7 de junho de 2025.

Sem Fronteira

Quadrilhas juninas se transformam em espaço de acolhimento para pessoas LGBTQIA+ no Acre

Querido por grande parte dos brasileiros, o mês de junho é simbólico e levanta muitas bandeiras. Nesta época do ano, resultado da forte influência do Nordeste, principalmente do Ceará, na formação social do Acre, praticamente em cada bairro da capital acreana e nos municípios do interior é realizado um arraial. Algumas coisas não faltam nunca: comida típica, bingo, forró e, claro, quadrilha junina.

“É um lugar de resgate de identidades e acolhimento”, diz Ariana: Foto acervo pessoal

Só que o mês das festividades juninas tem mais que as coloridas decorações da festa. Representa também as cores vibrantes do arco-íris que simboliza o orgulho dos movimentos culturais, de luta, de resistência e pertencimento ao celebrar o São João e o Orgulho LGBTQIA+.

Ao frequentar arraiais, é possível perceber a presença da comunidade nas quadrilhas e na organização do evento cultural, o que chama a atenção para o acolhimento que pessoas transexuais, travestis e gays encontram em grupos artísticos culturais.

Ariana Zahara, de 23 anos, é uma das pessoas que se encontrou nas quadrilhas juninas. Costureira e estudante do curso de História – Licenciatura na Universidade Federal do Acre (Ufac), Zahara é também Rainha da Diversidade da Junina Sassaricano na Roça. Em entrevista ao Portal Acre, Ariana explica que iniciou no mundo quadrilheiro por convite de amigos.

“Eu iniciei na quadrilha a convite dos meus amigos e o meio junino, em especial o grupo do qual faço parte, é um lugar de resgate de identidades e de acolhimento. Fazer parte desse movimento vai muito além dos holofotes. Nossos corpos LGBTQIA+ se sentem seguros nos grupos juninos, porque podemos performar nossa identidade”, disse a artista.

Além disso, Ariana acrescenta que o espaço proporciona apoio a quem necessita. “É um lugar que também resgata jovens da rua, da marginalização, da prostituição, e é um espaço onde todas as pessoas lutam de forma coletiva pelo crescimento profissional e pessoal”.

A artista também comenta sobre como o movimento trabalha contra a objetificação de pessoas LGBTQIA+. “Performar em um lugar onde você é visto além do seu corpo é muito surreal e gratificante. E ter pessoas que ocupam espaços de destaque, como a rainha da quadrilha, Ellen Hanashara, que é uma mulher trans, traz para outras meninas o querer de ser representada, de ser vista, e isso é muito verdadeira conquista para a comunidade”, reiterou a quadrilheira.

O secretário da Associação de Homossexuais do Acre (AHAC), Germano Marino, diz que os dois movimentos podem parecer distintos, mas que eles se encontram e se contemplam por valorizarem a cultura e fortalecerem os vínculos de apoio. “Muitas pessoas LGBTQIA+ encontram nas celebrações junina, acolhimento e representação, e esses espaços são fundamentais para combater o preconceito e promover a inclusão”, declarou.

Germano Marino destaca que a inclusão é essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. “As celebrações do mês de junho são uma oportunidade de refletir sobre a importância da diversidade e da inclusão, e para fortalecer os laços de solidariedade e apoio entre as pessoas. Quando promovemos a cultura e o acolhimento, trabalhamos para criar um mundo mais acolhedor e respeitoso para todos”, finalizou.

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