A educação brasileira e do estado do Acre foi o debate central do seminário realizado nesta sexta-feira, 27, no Teatro Universitário da Universidade Federal do Acre (Ufac), proposto pela deputada Socorro Neri (Progressistas). O encontro buscou fortalecer a construção do novo Plano Nacional de Educação (PNE) e ampliar a discussão sobre a educação indígena e rural no Acre.

Com a participação de educadores, estudantes, gestores e representantes da educação estadual e municipal, o momento também contou com a participação do professor e membro do Conselho Nacional de Educação, Israel Batista e do representante do Ministério da Educação (MEC), Leo de Brito.
A programação teve início com a palestra “O advento da inteligência artificial na educação e seus desafios”, ministrada pelo conselheiro Israel Batista. O conteúdo abordou a necessidade de entender o novo modelo de aprendizagem das crianças e jovens brasileiros a fim de implementar as mudanças no PNE, o que garante a formação digital dos docentes para mediar e operar as novas tecnologias.
Para a deputada Socorro Neri, a conversa é essencial para que o plano possa contemplar as diversidades presentes na educação. “Sobretudo, sobre a educação do campo, das florestas, educação escolar indígena, com as condições que nós temos aqui, como as questões climáticas que durante seis meses fazem a trafegabilidade por rios e igarapés e nos outros seis meses, é possível pelos ramais. Então nós temos uma dificuldade imensa de ofertar transporte e também de fazer com que a educação chegue até onde os alunos estão”, disse a parlamentar.

Socorro Neri também foi questionada sobre o Novo Ensino Médio e os impactos negativos e positivos da implementação. “Esse novo ensino médio, que ainda está sendo iniciada a implementação, necessita de uma análise mais fundamentada para chegarmos a um consenso se a mudança foi favorável ou não. No momento penso que ainda é muito prematuro qualquer avaliação neste sentido”, declarou.
O conselheiro e palestrante convidado, Israel Batista, apresentou uma série de mudanças impostas pelo avanço tecnológico e afirmou que as escolas precisam estar preparadas para a fase de transformação. “As escolas precisam se voltar para a formação humana, das competências socioemocionais, das habilidades para a vida. Se hoje a gente consegue fazer uma redação, se a produção de textos está automatizada, nós vamos ter que ensinar os nossos estudantes a navegar neste mundo, a entender a necessidade de autoria, de atuação humana, para que a gente não delegue todas as nossas ações à inteligência artificial”, explicou.
Segundo o reitor do Instituto Federal do Acre (Ifac), Fábio Storch, o seminário representa um dos momentos mais importantes para o futuro da edição do Brasil. “O plano nacional de educação que será discutido aqui, discute o futuro da educação pública gratuita pelos próximos 10 anos.. E essa discussão do nosso estado é da mais significativa”.
Além disso, o reitor do Ifac destacou o custo amazônico, que encarece a educação amazônica e acreana em relação a outras regiões do Brasil. Com a reestruturação do PNE, a expectativa é que os recursos estejam alinhados com a realidade do estado.
“Tem algo que nós defendemos muito, que é o fator amazônico, ou como muitas pessoas também chamam de custo amazônico. Nós temos, em comparação com outras regiões, contratos e serviços na educação que chegam a ser 60% mais caros em comparação a outras regiões do Brasil. Então, o nosso pedido hoje aqui nesse seminário é que o PNE também trate e garanta investimentos proporcionais às dificuldades de fazer uma educação pública de qualidade no nosso estado do Acre, garantindo equidade, justiça e respeito para o nosso povo”, completou.
De acordo com o representante do MEC, Leo de Brito, a discussão é essencial para avançar e transformar a educação do Acre. “Nós queremos trabalhar a qualidade, o acesso, a permanência em todos os níveis, etapas da educação e é fundamental que a gente avance. Como avançamos nos últimos 10 anos, mesmo não tendo atingido todas as metas, mas nós, com certeza, com esse novo plano discutido com a sociedade, com o parlamento e com o poder executivo, vamos avançar muito mais na educação”.
O secretário municipal de Educação, Alysson Bestene, parabenizou a deputada pela realização do evento e ressaltou que a discussão é extremamente importante para ampliar o debate sobre a educação do Acre, já que o setor é diverso pela pluralidade da região amazônica. “A gente precisa ter esse olhar diferenciado e fico feliz de ver nas falas dos colegas, que todos nós estejamos sentido essa realidade no nosso dia a dia e buscando melhorar a educação dos nossos alunos. Precisamos pensar além dos números, e pensar na qualidade do ensino das nossas crianças, na realidade dos nossos municípios”, ressaltou o secretário.

Alysson Bestene ainda acrescentou que é necessário garantir e assegurar os investimentos destinados à educação, e principalmente, à educação do interior, além da valorização da educação básica, dos educadores, da educação de ensino médio, técnico e superior.
Também esteve presente no evento, o secretário estadual de Educação, Aberson Carvalho, que chamou a atenção para a necessidade de colocar as metas dentro da realidade e não em um mundo ideal.
“Quando você olha para a perspectiva da Amazônia, do Norte, é preciso ver os pontos estratégicos. É preciso olhar o financiamento, como ele será executado, porque a educação pública precisa de um investimento específico. Nós precisamos, também, garantir que os profissionais de hoje tenham formação tecnológica, porque é o futuro, não dá para competir com a tecnologia e tentar dar aula só no quadro, com giz, com pincel. A educação precisa ter todas as suas garantias e atender as necessidades do dia a dia nas escolas”, disse Aberson Carvalho.
