Um boletim de conjuntura econômica que analisa os impactos da tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras que entram no mercado norte-americano, anunciada pelo presidente estadunidense Donald Trump na última quinta-feira, 9, foi divulgada nesta semana pela empresa acreana Otimiza Consultoria, formada por economistas e acadêmicos de Economia, com foco na produção de conteúdos e análises sobre economia e temáticas regionais.
Segundo o boletim, a tarifação deve afetar diversos setores da economia brasileira, como produtos derivados do petróleo, ferro e aço, aeronaves, café e celulose, mas terá pouco efeito na realidade do Acre, já que os Estados Unidos (EUA) não é o principal destino dos produtos acreanos. Com base nos dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em 2024, a análise aponta que o país norte-americano recebeu apenas 5,17% das exportações do Acre, o equivalente a US$ 4,5 milhões.
Entre os produtos acreanos que poderiam ser impactados pela tarifação, está a madeira de mogno, com 89,40% de suas exportações destinadas aos Estados Unidos e a madeira compensada, com 93,01%. A castanha-do-pará também é um ponto de atenção, já que representa 56,86% da exportação para a economia estadunidense. Já a soja é apenas 1,30% do percentual das exportações. Ao todo, os produtos representam cerca de US$ 4,1 milhões.
O boletim apresenta que o Acre não mantém um nível de dependência comercial expressivo com os Estados Unidos. Países como Peru, Emirados Árabes Unidos e Turquia importam mais que os EUA. Em 2024, por exemplo, o Peru comprou cerca de US$ 15,9 milhões em carnes suínas, US$ 5,5 milhões em castanha-do-pará com casca e US$ 1,2 milhão em grãos de milho. Já os países árabes importam a carne bovina com os princípios do abate halal, um método que segue as leis islâmicas e visa minimizar o sofrimento do animal. O procedimento é conduzido por um muçulmano treinado e exige que seja feita uma oração dedicada a Alá (Deus).
Os Emirados Árabes importaram, em 2024, quase US$ 12 milhões em carnes bovinas congeladas com origem acreana. Já a Turquia adquiriu US% 5,9 milhões em carnes bovinas congeladas e US$ 1,9 milhões em carnes bovinas frescas ou refrigeradas.
Para o Boletim Otimiza, a tarifação introduz um “fator de incerteza que pode afetar o ritmo das exportações e o crescimento econômico”, em um momento onde a economia brasileira apresenta sinais de recuperação e perspectivas positivas.
