
O aroma do café fresco inundou o Juruá. O novo ciclo vivido pelas cidades da região ganhou ainda mais força durante a Expoacre Juruá 2025. É que o setor cafeeiro não apenas participou, mas liderou e movimentou cifras milionárias que provam o que muitos já sabiam: o café do Acre tem qualidade, mercado e, agora, reconhecimento.
Ao longo dos seis dias de feira, três empresários assinaram cartas de intenção de compra que somam R$ 18 milhões, colocando o café como o setor com maior volume de negócios na edição deste ano.
Um dos compradores é o empresário José Altevir Menezes Moreira, representante do Grupo Ferlim, da marca Café Vovó Pureza.
“Tudo isso nos deixa muito esperançosos, porque a matéria-prima do café é muito difícil. Há alguns anos, a gente comprava fora do Estado, o que aumentava muito o custo para o consumidor final. Hoje, já conseguimos comprar quase 100% aqui mesmo”, celebrou.

A valorização do produto local é também uma vitória para os pequenos produtores, que acreditaram que o café poderia transformar sua realidade.
Jonas Lima, presidente da Coopercafé, representa essa esperança convertida em prosperidade.
“O produtor acreditou que, se plantasse café, teria onde vender. E hoje ele não só vende, como vê sua terra valorizada. Quando começamos, o hectare era R$ 5 mil. Hoje, nas ilhas do café, não se encontra por menos de R$ 20 mil. O produtor está seguro, quer ficar no campo.”
Jonas vai além. Ele mesmo, pequeno no início, já comprou terra de fazendeiros: “Antes era o colono que vendia, hoje é o contrário. E a nossa cooperativa trabalha para que cada cooperado cresça, vire um médio ou grande produtor. Queremos uma zona rural de classe média e alta.”
A afirmação é respaldada pelos números. Um hectare bem cuidado pode produzir até 100 sacas de café, o que representa em média R$ 100 mil de retorno por ano. Isso, em um estado que preserva 85% da sua floresta, mostra que é possível aliar sustentabilidade e produção de alta qualidade.
O secretário de Indústria, Ciência e Tecnologia, Assurbanipal Mesquita, afirmou que a movimentação financeira do setor cafeeiro na feira superou qualquer expectativa.

“Esses R$ 18 milhões são só o começo. O café já está consolidado como produto de destaque do Acre. A Expoacre é uma vitrine, mas os reflexos desses negócios duram o ano inteiro. Temos um modelo a ser replicado e fortalecido.”
Mais que uma bebida, o café do Acre carrega histórias, gerações, resistência e inovação. E, em 2025, mostrou que o futuro da economia rural pode estar em cada grão torrado pelos produtores do estado.





