
O professor Anselmo Gonçalves da Silva, do campus Xapuri, do Instituto Federal do Acre (Ifac), está entre os semifinalistas do Prêmio Jabuti Acadêmico 2025, uma das premiações mais importantes da produção científica e intelectual do país. A obra selecionada e que está na disputa tem como título “Que é Reserva Extrativista? Uma homolo-crítica conceitual” e concorre na categoria de melhor livro de “Geografia e Geociências”.
O Jabuti Acadêmico é promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), em parceria com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC). A premiação é uma ramificação do tradicional Prêmio Jabuti, criado em 1959, e foi instituída em 2023 para valorizar obras científicas, técnicas e profissionais de relevância nacional.
O livro escrito pelo docente do Ifac nasceu de sua tese de doutoramento, na área de Estudos Contemporâneos pela Universidade de Coimbra, e traz uma investigação sobre a história das Reservas Extrativistas, modelo nascido no Acre. O autor revisita o conceito original da reserva extrativista, tal como idealizado pelo movimento seringueiro nos anos 1980, e propõe uma análise crítica da transformação desse projeto social e político em política pública institucional.
Ao longo do livro, Anselmo Gonçalves entrelaça a pesquisa com sua trajetória pessoal e profissional. Ele compartilha ainda experiências como analista ambiental no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), instituição em que atuou diretamente na gestão da Reserva Extrativista Chico Mendes.
A partir desse contato, o estudioso construiu uma crítica fundamentada à forma como o conceito original de reserva extrativista foi sendo reconfigurado por políticas públicas, legislações e estruturas administrativas, distanciando-se – de forma lenta e quase imperceptível – da proposta original.
Além da análise crítica, o livro é também um convite a imaginar outras possibilidades: o resgate da originalidade da filosofia amazônica do movimento seringueiro e o que chamou de (re)encantamento do modelo de reserva extrativista. Em suas palavras, o autor propõe que a reserva extrativista possa voltar a ser “barco e bússola”, capaz de guiar projetos de vida das populações que nela vivem.
O livro se destaca ainda por considerar o contexto atual regional: o Acre abriga algumas das primeiras reservas extrativistas do Brasil, como as reservas Chico Mendes e Alto Juruá, que foram criadas há mais de três décadas como resposta concreta às lutas dos seringueiros acreanos. “Hoje, existem 98 reservas extrativistas em todo o Brasil, totalizando mais de 15 milhões de hectares”, descreve Anselmo Gonçalves.
“A seleção como semifinalista no Jabuti Acadêmico, mais do que uma conquista pessoal, representa um reconhecimento da relevância científica e social da pesquisa desenvolvida no Ifac e no Acre”, ressalta o docente.
Acesse a lista dos livros semifinalistas do Prêmio Jabuti Acadêmico 2025: www.premiojabuti.com.br/academico/semifinalistas-academico.