Rio Branco, 8 de agosto de 2025.

Sem fronteiras 4

Caminhada no centro de Rio Branco marca luta contra o feminicídio no Acre e fortalecimento da rede de apoio à meninas e mulheres em situação de violência

Governador Gladson participou do ato em defesa das mulheres: Foto Luís Oliveira

Representantes do governo do Acre, de movimentos sociais e dos órgãos de segurança pública se reuniram nesta quinta-feira, 7, no centro de Rio Branco, para um ato simbólico, a “Caminhada Pela Conscientização e o Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres”, ação que integra o calendário de mobilização do Agosto Lilás em busca de erradicar o feminicídio. A atuação foi coordenada pela Secretaria de Estado da Mulher do Acre (Semulher) e seguiu do Museu dos Povos Acreanos até o Palácio Rio Branco.

Além da conscientização e combate, a caminhada buscou dar visibilidade ao cenário de violência de gênero no estado do Acre e fortalecer a rede de proteção de mulheres e meninas em situação de vulnerabilidade. O governador Gladson Camelí participou do evento e reforçou a mensagem de que o feminicídio não precisa apenas ser reduzido, e sim, deixar de existir. “Estamos aqui em um momento de conscientização, não só para reduzir o feminicídio, mas para zerá-lo. Agradeço a presença de todos e todas que estão aqui, fazendo seu trabalho, em todas as diretorias, em qualquer segmento. E eu sempre digo: um homem jamais pode agir ou dirigir qualquer palavra negativa a uma mulher, porque são elas que nós dão a vida”, disse Camelí.

Para a secretária da Semulher, Márdhia El-Shawwa, o momento é de extrema importância para a causa. “Esse momento é uma forma que nós encontrarmos de falar sobre a Lei Maria da Penha e de chamar a sociedade para abraçar essa causa que é a número um do nosso estado, que é o feminicídio zero, que as mulheres não sofram mais violências, que a gente não perca mais nossas mulheres em virtude do feminicídio. Iremos fazer uma caminhada muito alegre para que a sociedade veja e se junte a nós”, compartilhou.

A vice-governadora, Mailza Assis, ressaltou que a participação masculina em pautas de proteção e cuidado às mulheres é essencial. “Meu agradecimento a todas e especialmente aos homens que estão aqui hoje, porque isso fortalece essa causa, porque vocês estão conosco lutando pelo direito à vida. Eu sempre digo que não deveríamos precisar disso, mas estamos aqui, lutando e brigando pelo óbvio, por proteção […] Na maior parte das vezes, os homens são os abusadores, mas nós sabemos que aqui estão os homens que lutam ao nosso lado”, pontuou.

Segundo a comandante-geral da Polícia Militar, Marta Roberta, a prevenção e combate à violência contra a mulher tem sido uma prioridade do órgão de segurança. “Sobretudo, em suas ações preventivas. Nós temos a Patrulha Maria da Penha em todo o Acre, em todas as sedes de batalhões, e antes, nós trabalhávamos somente com mulheres com medidas protetivas, e já conseguimos ampliar para que a Patrulha seja preventiva, que é aquela que faz uma busca ativa diariamente, checam as chamadas do 190 e nós também fazemos esse trabalho de conscientização nas escolas”, explicou.

Poder legislativo presente

A deputada estadual Michelle Melo (PDT) representou a Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac) e salientou o dever dos poderes de estar junto à sociedade acreana. “Precisamos que todos os poderes: executivo, legislativo e judiciário, e a sociedade acreana, deem as mãos para evitar que mais mulheres sejam desrespeitadas, agredidas e percam a vida para a violência. Nós queremos um Acre de paz, sem violência, sem preconceito, sem discriminação, e eu estou aqui representando a Aleac e dizer para as mulheres acreanas que nós estamos dando uma basta à violência”.

Caminhada se concentrou no centro de Rio Branco: Foto Luís Oliveira

O cenário da violência contra mulheres negras e indígenas

Mulheres negras e indígenas estão entre as principais vítimas de violência de gênero no Brasil. O recorte étnico e racial evidencia uma realidade ainda mais vulnerável e dolorosa para as mulheres que sofrem com a falta de políticas públicas adequadas, racismo estrutural e invisibilidade histórica.

A secretária da Secretaria Extraordinária de Povos Indígenas (SEPI), Francisca Arara, destacou que o conhecimento levado até os territórios indígenas é essencial para que as mulheres entendam e saibam onde e como procurar os seus direitos. “Nós vivemos outro momento, é tempo de entender e procurar os nossos direitos, de compreender que a violência contra a mulher não pode continuar sendo vista como uma cultura. A cada dia, as mulheres indígenas têm se empoderado e estão tendo acesso a denúncia e apoio. Muitos representantes vão aos nossos territórios e fazem palestras de sensibilização e isso mostra que, hoje, nós já não estamos mais isoladas”.

Para a representante da Associação de Mulheres Negras do Acre, Almerinda Cunha, o fortalecimento de políticas públicas e da segurança são as chaves para que o combate a violência seja eficaz. “A única alternativa que nós temos para combater a violência contra as mulheres, contra essa cultura de ódio e de racismo, é por meio das políticas públicas. São elas que transformam a educação, que precisa ser antirracista, antimachista, onde o respeito e a empatia, os direitos humanos, sejam trabalhados. A outra questão é a segurança, porque as delegacias fecham cedo e nos municípios elas são poucas e ainda fecham, ou seja, ficam muito tempo sem policiamento. Aqui na capital nós temos diversos pontos de acolhida, mas nos municípios não. A vida da mulher negra é muito difícil e no Acre, infelizmente, está se tornando o lugar mais perigoso para nós [mulheres] vivermos”.

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