Rio Branco, 11 de agosto de 2025.

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Enfrentamento à violência no Acre é desafio da 5ª Conferência Estadual de Política para as Mulheres  

Com índices alarmantes, Conferência discute enfrentamento à violência contra as mulheres: Foto Luís Oliveira

Com o tema “Mais Democracia, Mais Igualdade e Conquista para Todas”, a 5ª Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres (CEPM) reuniu, nesta segunda-feira, 11, lideranças femininas dos 22 municípios acreanos com o intuito de trabalhar as propostas de cada localidade e consolidar os encaminhamentos a serem direcionados à conferência nacional, em busca de fortalecer as políticas públicas voltadas às mulheres. O evento, coordenado pelo Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim), é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Mulher (Semulher).

Ao longo do primeiro semestre de 2025, o Cedim e a Semulher, junto dos movimentos sociais, realizaram encontros municipais para a construção coletiva de soluções para o enfrentamento à violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, além de ferramentas para a erradicação do feminicídio, o assassinato de mulheres em razão do gênero.

Para garantir a pluralidade e uma visão e atuação ampla dentro da causa, a CEPM conta com a colaboração de mulheres do movimento negro, indígena, trans e mulheres com deficiência.

De acordo com a secretária da Estado da Mulher, Márdhia El-Shawwa, as tratativas serão essenciais para a construção do Plano Nacional de Política para as Mulheres, que irá implementar as políticas destinadas às mulheres brasileiras.

“Nós estamos aqui com um resumo, por assim dizer, de tudo que nós tratamos nas conferências municipais inter-regionais e livres, para debater os temas e propostas trazidas por cada um dos grupos, para que a gente possa levar isso a nível nacional. A conferência nacional acontece no final de setembro, e lá elas serão votadas e transformadas no Plano Nacional de Políticas para as Mulheres”, explicou El-Shawwa.

Na oportunidade, a secretária destacou as ações da Semulher em busca da erradicação do feminicídio. “Todas as ações discutidas aqui se tornarão políticas públicas e nas mais diversas áreas, para que as mulheres tenham acesso à educação, segurança pública, que elas tenham acesso a empego e renda, para quebrar o ciclo de violência”, acrescentou.

Segundo a coordenadora executiva da CEPM, Neuda Muniz, um dos momentos importantes para a Conferência é a revisão do Plano Estadual de Política para as Mulheres, para que as propostas do documento estejam alinhadas as necessidades das mulheres e das pautas atuais. “Esse plano foi construído em 2011, na terceira conferência, passou por uma revisão na quarta e passará novamente hoje, para que a gente leve esse pacote de propostas e depois ele seja implementado”, disse Muniz.

Secretária das Mulheres falou ao Portal Acre sobre os desafios da Conferência: Foto

Samantha Petrochelle, professora e representante da Associação das Travestis e Transsexuais do Acre (ATRRAC), marcou presença no evento e foi porta-voz das mulheres não-cis acreanas. “Nós, mulheres trans, reivindicamos um direito principal, que é o reconhecimento da nossa existência como mulheres. Nós sabemos o que é sentir falta de algo que as mulheres cis já usufruem, se a gente não começar a reivindicar o que já tem para a cis, fica estagnado. Nós não queremos atrasar outras mulheres, e sim pedir que nos aguardem, que segurem nossas mãos e sejam nossas irmãs, porque enquanto existir mulheres ficando para trás, não podemos dizer que é igualitário, que é democrático”, compartilhou Petrochelle.

A educadora ainda destaca que só será possível usufruir da paz quando o poder público tiver um olhar de cuidado à todas as mulheres. “Nós só iremos aproveitar de uma vida de paz se os nossos representantes nos reconhecerem como parte da sociedade. Enquanto um grupo social for visto como não humano, não existe sociedade”, concluiu.

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