Nesta quarta-feira, 13, a ex-servidora da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (RBTrans), Marília Rodrigues, compareceu a Câmara Municipal de Rio Branco para relatar uma suposta série de situações de assédio e perseguição por parte do superintendente do órgão, Clendes Vilas Boas.
Marília também compartilhou em seu Instagram, onde conta com mais de 40 mil seguidores, o posicionamento em relação a denúncia feita, durante a sessão na Câmara de Vereadores, pelo vereador Eber Machado (MDB).
As denúncias incluem pressões políticas, retaliações, uso de bens públicos para fins pessoais e intimidação de servidores. Além disso, Marília afirmou que desde que Vilas Boas assumiu o cargo, foi iniciado uma perseguição não apenas contra ela, mas contra outros servidores, incluindo terceirizados.
“Ele tentou me demitir várias vezes, diminuiu meu salário, tirou minha mesa e meu computador, me deixando sem condições de trabalhar”, declarou.
Marília também disse que o superintendente utilizaria o carro oficial da RBTrans para vender perfumes, além de enviar fotos de veículos para que agentes de trânsito aplicassem multas. De acordo com ela, o ambiente de trabalho se tornou insustentável e, como consequência, desenvolveu ansiedade e depressão.
“Fiquei quatro meses sem sair de casa. Deixei minha carreira como digital influencer para servir à RBTrans e, no fim, não fui valorizada”, lamentou e afirmou que, mesmo após pedir demissão, o gestor teria supostamente impedido que fosse contratada novamente em outros setores da prefeitura.
Áudio exposto na reunião
Além do relato sobre o possível assédio, Marília também mostrou um áudio em que Vilas Boas supostamente está pressionando uma servidora para votar no atual secretário de Assistência Social, João Marcos Luz, que estava concorrendo nas eleições municipais para o cargo de vereador.
No áudio, o homem, que segundo Marília é Clendes, conversa com uma mulher sobre o apoio a um vereador durante sua campanha. Também é possível escutar que os apoiadores não seriam “mexidos”.
“Os seus pais viram ontem lá na RBTrans e falaram com um amigo nosso lá, que é o Ney. E aí o Ney me chamou lá na RBTrans e falou que vocês tinham interesse de colaborar com a gente, de mostrar as coisas do vereador e apoiar o vereador para a gente para a campanha. Para apoiar o vereador para a campanha. E hoje eu liguei para o seu pai e expliquei para ele o nosso modo de trabalho. Porque assim, as pessoas que foram indicadas pelo Benício dificilmente ficam. E as pessoas que dão a palavra que vai apoiar a gente não vamos mexer”, detalha parte do áudio, que pode ser ouvido abaixo.
Posicionamento dos parlamentares e encaminhamento ao Ministério Público
Com as denúncias do suposto assédio, os vereadores manifestaram solidariedade à ex-servidora e sugeriram o afastamento de Vilas Boas para que os fatos sejam apurados.
“Não estou propondo nenhuma condenação prévia, mas alguém com práticas desse tipo, com acusações desse tipo não pode, continuar no espaço do poder. Então, eu reitero aqui, eu já pedi para que o prefeito faça o afastamento do secretário para que ele seja investigado, para que essa denúncia seja investigada, isso é uma forma de proteger a gestão pública, é uma forma de proteger a RBTrans”, disse o vereador André Kamai (PT).
A vereadora Elzinha Mendonça (PP) é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara. A parlamentar anunciou que será elaborado um documento a ser entregue ao Ministério Público do Acre, solicitando uma investigação formal.
“A Câmara não vai se calar. Eu acredito que depois do seu depoimento, como veio uma enxurrada de outras pessoas, outras mulheres que tiveram a coragem de se manifestar, nós estaremos nos posicionando dessa forma. Eu lamento, mas esse tipo de coisa não deve acontecer. Nós estamos vivendo o Agosto Lilás, um mês de conscientização e combate à violência contra a mulher. E nos separamos com uma situação dessa. Mas eu quero reiterar aqui que os demais vereadores têm se manifestado de forma a nos apoiar, a nos acolher e a nos ouvir. E isso que é importante”, destacou a vereadora.
O líder da prefeitura na Câmara, Márcio Mustafá (PSDB), afirmou que o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), não compactua com essas situações.
“Venho aqui em nome do prefeito dizer que ele não pactou e que as decisões vão ser tomadas. A Câmara vai se movimentar e vai ser apurada em todos os fatos. você pode contar com o nosso acolhimento. Nós também não vamos colocar uma forca enquanto não tiver certeza, então vai ser apurado”, afirmou.
Questionada sobre o que esperar após a reunião, Marília disse que tem esperança de que a justiça seja feita.
“E que através de mim, a gente vai fazer a justiça por muitas pessoas que não podem falar com medo de ser demitidas. Temos muitos depoimentos, muitos mesmo. Inclusive hoje eu vou encontrar com algumas outras pessoas que querem também fazer um vídeo para denunciar ele”, finalizou.
Ouça o áudio:
Veja o vídeo:
