
Dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) apontam que, em 2024, o Acre ocupou o 2º lugar em notificações de doadores. Apesar do resultado expressivo, o estado possui, em 2025, uma fila de espera de 274 pacientes, dentre as modalidades fígado, córnea, rim e tecido musculoesquelético, o que indica que as doações não estão sendo efetivadas.
A chefe do Serviço de Transplantes da Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo (Fundhacre), Valéria Monteiro, divulgou o levantamento nesta segunda-feira, 22, durante a audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac), que tratou dos desafios e da importância da doação de órgãos de forma inédita.
De acordo com Monteiro, é preciso reforçar o papel fundamental da doação entre a sociedade acreana e, principalmente, falar sobre a temática no espaço família, já que o índice de casos onde a família recusa a retirada dos órgãos do doador tem aumentado.
“Os dados mostram que o Acre possui um potencial gigantesco, ficamos em 2º lugar, então por que falta doações? E é por isso que estamos aqui hoje, para chamar a atenção da comunidade pra isso, porque os protocolos estão sendo abertos, mas não estão sendo efetivados”, disse a chefe do serviço.
Valéria Monteiro reforçou que a parte mais difícil de estar à frente do programa é assistir ao sofrimento dos pacientes. “A parte mais difícil de liderar o programa é perder os pacientes, ver eles esperando e perecendo. Nós estamos aqui para reforçar essa mensagem de que, com união, nós podemos salvar ainda mais vidas”, reforçou.
Acre é referência em transplante de fígado
A chefe do setor de transplantes da Fundhacre repassou, ainda, dados referentes às conquistas da saúde pública acreana desde 2022. Ao longo de três anos, a Fundação Hospitalar, único hospital transplantador habilitado do estado, registrou cerca de 556 transplantes dentre as modalidades disponíveis.
“Nós estamos nos posicionando, principalmente, como referência no transplante de fígado na região Norte, que só é feito em dois estados, Acre e Pará. Então percebam a força do nosso estado e o potencial que temos, o número de vidas salvas e transformadas”, acrescentou.
Em 2024, novas condições foram implementadas para aumentar a realização de cirurgias, o que coincidiu com um aumento das doações. Valéria Monteiro explica que o Acre chegou a ficar em 4º lugar entre os estados que mais realizaram transplante de fígado por milhão de população.
“Esse avanço foi muito importante, o que nos levou a 16 transplantes de fígado”, ressaltou.
Ao todo, foram 107 transplantes de rim, 340 de córnea, 107 de fígados e 2 tecidos musculoesqueléticos.

O transplante de córnea é o mais esperado e, também, a modalidade menos complexa. “Apesar de ser um tecido e uma cirurgia menos complexa, o transplante de córnea é o mais esperado entre os pacientes da fila, justamente porque essas doações não estão sendo efetivadas”, explicou.