Rio Branco, 26 de setembro de 2025.

Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante – Artigo da coluna ‘Sem Filtro’ deste domingo

Borboleta e sua metamorfose

Encerro a semana constatando, mais uma vez, que estou sendo engolida pelas minhas tarefas e não tenho feito tudo que amo, como, por exemplo, escrever para este espaço em que me comprometi a dividir reflexões com vocês.

Recentemente, em uma conversa com minha equipe de marketing, ouvi uma pergunta simples, mas reveladora: “Com o que você mais se identifica?”

A indagação abriu espaço para uma pausa e para uma constatação: ao longo do tempo, não cabemos em uma única definição.

Ao longo da minha caminhada como comunicadora, eu já fui tantas. Tenho um amor avassalador pelo rádio, já que foi lá que dei meus primeiros passos na comunicação. Tenho uma paixão pelo vídeo, porque nele eu consigo transbordar minha mensagem por meio da fala e da presença. E tenho esse flerte com o jornalismo escrito, onde traduzo em palavras aquilo que vejo, ouço e sinto.

Mas, sem que meu cérebro pensasse, minha boca respondeu: eu amo ensinar pessoas a desenvolverem a oratória para que se comuniquem de forma efetiva.

Faz tempo que vivo essa “nova face” que a minha profissão me permite explorar, e vivo de corpo e alma. Ensinando, eu transbordo e, ao mesmo tempo, me preencho. Logo eu, que sempre disse que jamais seria “professora”. É que o formato tradicional nunca me atraiu. Mas a vida, com suas ironias, me mostrou que aquilo que eu negava é justamente o que me faz florescer.

E foi aí que eu percebi: nós somos muitas em uma só vida.

A identidade não é fixa. Somos atravessados por experiências, contextos e descobertas que nos transformam. E mudar de rumo, de interesse ou até de paixão não é incoerência, mas sinal de vitalidade.

A vida é movimento. E dentro desse movimento, nós também nos transformamos. Somos uma colcha de retalhos de todas as versões que já fomos.

A socióloga Zygmunt Bauman dizia que vivemos tempos líquidos, em que nada é estável por muito tempo. Se, por um lado, isso pode causar insegurança, por outro nos oferece liberdade: a de sermos múltiplos em uma só vida.

Quem nunca disse “nunca vou fazer isso” e hoje faz com naturalidade? Quem nunca se surpreendeu ao perceber que uma versão antiga já não cabe mais? As contradições que carregamos são, na verdade, retratos do nosso processo de crescimento.

A verdade é que mudar não nos faz incoerentes, nos faz vivos. E talvez o maior presente que possamos nos dar seja aceitar essa fluidez: a permissão de sermos muitas vezes diferentes e, ainda assim, inteiros.

Daigleíne Cavalcante é jornalista com 17 anos de experiência, palestrante, mentora e estrategista em comunicação e oratória e parte do “time” Portal Acre.

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Daigleíne Cavalcante

Daigleíne Cavalcante é jornalista com 17 anos de experiência, palestrante, mentora e estrategista em comunicação e oratória.

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