
Em entrevista concedida ao Portal Acre nesta quinta-feira, 11, os estudantes Ruan Mota e Anny Marcelly Gomes denunciaram a precariedade do trecho alternativo que dá acesso ao bloco do curso de Medicina Veterinária. A via apresenta riscos de segurança acadêmica e prejudica a rotina de estudos, já que compromete a chegada dos alunos às salas de aula e laboratórios.
O bloco de Medicina Veterinária é um dos mais distantes do campus e o percurso “tradicional” não conta com iluminação ou com ponto de ônibus, fazendo com que os alunos precisem se deslocar a pé ou com veículo próprio.
O trajeto alternativo não possui iluminação adequada e é afetado pela circulação indevida de motocicletas, o que acaba deteriorando o terreno e abrindo crateras, deixando o caminho intransitável em épocas de chuva. Além disso, o turno integral do curso faz com que os alunos precisem utilizar o trecho no período noturno.
Ruan Mota compartilhou que o diálogo junto a Administração Superior da Universidade Federal do Acre (Ufac) e o Centro Acadêmico de Medicina Veterinária iniciaram em janeiro de 2025.
“O nosso bloco tem quase 10 anos e até agora, esse caminho é a forma que nós temos de acessar a Ufac e os seus serviços, como o restaurante universitário e até chegar até a parada de ônibus. O ponto mais perto é esse que está aqui lá próximo a essa saída, então os alunos precisam que esses serviços precisam se colocar nessa situação de utilizar esse trecho”, disse o estudante.
Mota explica que o trecho não é reconhecido como caminho oficial, e que após as conversas iniciais, a reitoria interditou o trecho temporariamente como proposta de solução.
“Esse é o caminho mais utilizado, mas ele não é reconhecido como um atalho pela própria universidade, e eles até questionaram isso em janeiro. Mas desde então, as tratativas vêm acontecendo, mas eles não nos atualizam sobre o andamento do processo, se já tem todo o planejamento, qual valor foi orçado. Foi somente após a repercussão do vídeo, que eles retomaram o contato e a gente sentou para ver, e agora está na fase de licitação, mas a gente pede celeridade, porque é uma demanda de anos”, acrescentou.

Ruan Mota reforça que a promessa foi discutida no primeiro mandato da reitora Guida Aquino. “A professora Guida até agora, já está pra sair, e não consegui concluir isso. A gente acredita que isso é uma prioridade para que os alunos possam se manter no curso, na universidade, então a gente veio pedir que nossas demandas sejam atendidas. Porque o nosso curso é o que mais produz em iniciação científica, em pesquisa, e a gente precisa de condições mínimas para poder trabalhar e desenvolver nossos projetos. Eu já estou saindo do curso, quase concluindo, mas que fique para os colegas e para os futuros alunos, para que eles não sofram”, pontuou.
Anny Marcelly Gomes acrescentou que a falta de iluminação e segurança faz com que os alunos se sintam inseguros, principalmente as mulheres. “Como já compartilhamos, muitos dos refletores desse trecho já quebraram, então quando chega a noite, a gente precisa caminhar por aqui no escuro. Já foram vistas pessoas paradas aqui, apenas olhando as outras caminhar, em uma atitude muito suspeita, então a gente se sente insegura. É muito ruim para nós mulheres termos que lidar com essa sensação de impotência, porque a gente não vê nenhum tipo de assistência da universidade sendo dada e todos nós temos que nos submeter a essa situação”, lamentou Gomes.
Por ser uma área de mata, os alunos relatam a presença de animais como jacarés e cobras, o que aumenta o risco de transitar no espaço sem iluminação adequada e em um terreno instável.
O isolamento do bloco também levou os estudantes a buscarem estratégias para fazer as refeições diárias, criando até mesmo uma sala com geladeira e microondas, para que os alunos pudessem armazenar e esquentar suas comidas.
“Os professores nos dão cerca de 10 minutos de intervalo. Mas isso é só o caminho que a gente faz pra chegar até onde tenha um quiosque, então a gente teve que dar um jeito de conseguir fazer as refeições dentro do bloco”, finalizou Anny Marcelly Gomes.