
Como parte da programação em alusão ao Setembro Verde, mês dedicado à conscientização e importância da doação de órgãos, a Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo (Fundhacre), realizou nesta sexta-feira, 26, a entregada do “Jardim da Vida”, um espaço simbólico para homenagear doadores de órgãos que transformaram inúmeras vidas por meio do ato nobre.
O momento contou com o plantio de mudas, coordenado por dois pacientes transplantados, que tiveram a oportunidade de recomeçar depois de receberem um órgão essencial para a própria sobrevivência e bem-estar.
De acordo com a presidente da Fundhacre, Sóron Steiner, a campanha nacional promovida pela Saúde do Acre tem sido essencial para estimular as doações. “Com o Jardim, nós queremos trazer esse ato solidário para o doador, para a família, que proporcionam uma nova vida para tantas pessoas. E a cada doação, iremos conduzir a plantação de muda e com certeza nós iremos reflorestar esse espaço da Capela [local do jardim], que já é muito simbólico, um espaço de fé e de recomeço para muitos dos nossos pacientes, e é uma iniciativa que nós queremos difundir cada vez mais”, disse Steiner.
Para o médico cirurgião e responsável técnico pelos transplantes de fígado da Fundhacre, Tércio Genzini, a intenção de ser um doador de órgãos precisa ser discutida no ambiente familiar para que a vontade do interessado seja respeitada e o transplante seja efetivado.
“Por lei, a doação precisa ser consentida. Não há nenhum documento, declaração, que anule a obrigatoriedade do aval da família. E eu acho que isso é importante para que a família não se sinta invadida em um momento tão sensível e doloroso, logo a necessidade de conversar em casa, deixar claro a sua vontade, para que ela seja respeitada”, pontuou.
Genzini também celebrou os impactos da campanha “Doe Vida” da Fundhacre, que já se consolidaram em doações e mudanças na vida de alguns pacientes que estavam na fila de espera.

“A campanha já está colhendo frutos. Ontem nós fizemos um transplante de fígado em uma paciente de Rondônia, que conseguiu apoio aqui no nosso Estado, e o órgão veio de Manaus, e foi um procedimento muito bem sucedido. Também tivemos a notificação de potenciais doadores, uma das famílias já autorizou e estamos aguardando o “ok” da segunda, que com a graça de Deus irá concordar. A gente reforça toda a nossa solidariedade a essas famílias que perderam os seus entes queridos. Também já temos o agendamento de três transplantes de fígado para o final de semana, além de outros que podem ser gerados diante da doação, como de rim e córnea”, acrescentou.
Lúcio César Leite, de 50 anos, teve a chance de recomeçar por meio de uma doação de órgãos há 11 anos atrás. Leite foi o primeiro transplante do fígado pela Fundhacre em 2014. “Estando aqui hoje, o sentimento que fica é de gratidão, porque há 11 anos atrás eu estava em um estado de saúde muito difícil, com um quadro de cirrose hepática, e hoje posso estar aqui fazendo esse ato de solenidade e gratidão a todos que precisam e que doaram. Eu passei quase um ano esperando, e só quem passa sabe o quão difícil é, por isso a importância de doar”, compartilhou.
Natural de São Paulo, Ademir Paim veio ao Acre com a expectativa de ser transplantado. Com um quadro grave de cirrose hepática, sem causa identificada, Paim aguarda há dois anos por uma oportunidade de restaurar a saúde.

“A fila de espera em São Paulo é enorme, é totalmente inviável, e meu médico solicitou que eu viesse ao Acre para tentar o transplante. Estou com uma expectativa muito grande, não vejo a hora de ser transplantado, e se Deus quiser o Acre vai salvar a minha vida e eu vou poder voltar para a minha vida”, finalizou.