
Diversos Policiais Penais que foram aprovados no último concurso realizado no Acre, e diversos servidores já efetivos na área, se reuniram em frente à Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) nesta terça-feira, 16, para protestar pela necessidade de melhorias no sistema penitenciário e a convocação imediata dos aprovados.
De acordo com o representante da categoria e secretário-geral da Federação dos Servidores Públicos do Acre e policial penal, José Janes da Silva, o sistema penitenciário está crítico.
“Eu queria fazer um grande retrospecto para vocês entenderem o que ocorre. Em 2012, nós denunciamos o início das facções no Acre. Denunciamos para o governo, para a imprensa, para todo mundo e ninguém falou nada, todo mundo quieto. E hoje o estado está tomado por facções. Em 2023, anunciamos que ia ter uma grande rebelião do sistema penitenciário, onde morreram cinco presos, foram feridos policiais penais e ninguém tomou providência. Hoje a gente está chamando a imprensa dizendo que o sistema penitenciário está crítico. Por que está crítico hoje? Porque não tem servidor”, afirmou.
Segundo Janes, além do quadro de servidores estar defasado, a saúde mental dos agentes também é um ponto importânte e que necessita de atenção por parte da gestão.
“Temos servidores que estão com problema psiquiátricos, temos servidor com problema de saúde. Por exemplo, tem alguns presídios do estado do Acre que fica um servidor por ala. E agora, o que é mais grave, estamos vendo a escala sufocar o policial penal e muitos estão doentes”, disse.
Janes falou do caso recente de um policial penal que conhecia e que tirou a própria vida.
“Ele me ligou três vezes, porque estava com problema no pulmão e não tinha condição de entrar no chapão. E colocaram ele no chapão e no dia que ele não ia, o ponto era cortado. Ele estava com 90% do pulmão comprometido e tinha que gastar, por mês, de R$ 1.500. E a direção do Iapen ainda cortava o ponto desse trabalhador. Isso é um absurdo. Nesse dia que ele morreu, eu estava com outro policial penal que estava no PS que tentou suicídio também. Então até quando a gente vai enterrar as pessoas?”, questionou.
O representante enfatiza que não é inimigo do governo, porém o ato é necessário. “Estamos várias centrais e sindicatos que estarão aqui hoje aqui hoje e vamos fazer um manifesto para o governador falando das causas dentro do sistema penitenciário. E a tarde a gente vai estar com o ministro do Trabalho, colocando uma carta com as condições dos trabalhadores”, declarou.

Outra pauta importante ressaltada por Janes se refere ao concurso realizado pelo Instituto de Administração Penitenciária (Iapen).
“Fizeram um concurso e passaram mais de 800 pessoas. Só que o que aconteceu? O governo fez uma academia, chamou 308 pessoas. E essas pessoas se formaram e, até hoje, não foram nomeados. Nomearam somente 183 aprovados e esse quantitativo não é suficiente pra suprir essa necessidade. Então, queremos que o governo repense e contrate pelo menos mais ou menos 600 ou 700 homens para o sistema penitenciário. Porque essas contratações que estão aqui, é a contratação só para Rio Branco. E como fica Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Quinari e Brasileia?”, indagou.
Janes complementou também. “Estamos adoecendo no trabalho. Faltam sete anos para me aposentar, mas estamos doentes e em todos os aspectos possíveis. E quando um agente, um policial penal fica doente, a sociedade fica a mecer de fuga, de muitas coisas. E essas fugas estão acontecendo é porque não tem efetivo”, declarou.
O representante reiterou que será feito um manifesto por meio de uma carta escrita, onde serão colocadas as necessidades do sistema penitenciário.
“E vamos protocolar, não somente os policiais penais, mas também uma central, uma federação, que eu sou da federação, e mais ou menos uns cinco sindicatos, colocando a situação. Por que o sindicato está nessa luta? Porque sabe que pode acontecer alguma coisa com o servidor, com os trabalhadores, pois o preso quando está lá dentro, ele está seguro. Mas quando está aqui fora, que é o perigo, que ele vai roubar e vai matar. Então, o governo precisa sentar com essa categoria. Não somos inimigos deles, queremos sentar e discutir. Tudo é pauta em cima e queremos construir uma comissão de trabalhadores para discutir o sistema penitenciário, porque se continuar assim, vai continuar da mesma situação. As pessoas que vão entrar agora vão adoecer no sistema”, finalizou.