Com o objetivo de descentralizar o serviço e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, o Programa de Reabilitação e Assistência aos Fissurados da Face (PRAFF) inicia uma série de atendimentos voltados a pessoas com fissura labiopalatina em Cruzeiro do Sul.
A ação acontece entre os dias 8 e 12 de setembro, no Hospital de Dermatologia Sanitária, e busca oferecer assistência especializada à população do Juruá.
De acordo com a coordenadora do programa, a ortodontista Caroline Lucena, o programa tenta seguir as normas da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda que o tratamento de pacientes fissurados seja feito de forma multidisciplinares, tendo como eixos centrais: a cirurgia plástica, a ortodontia e a fonoaudiologia.

“Hoje nós seguimos com essas três especialidades como carro-chefe do atendimento da fissura. Então, o nosso objetivo é oferecer o tratamento completo para o paciente fissurado, para que ele possa ser reinserido na sociedade e diminuir os estigmas pelo qual passa”, explica a coordenadora.
O programa é desenvolvido pela Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo (Fundhacre). Os atendimentos realizados em Cruzeiro do Sul serão apenas consultas ambulatoriais. Segundo Caroline, a intenção é fazer uma busca ativa para saber quem são os pacientes, além de verificar o que cada um está necessitando.

“Quando voltar a Rio Branco, queremos tentar organizar uma ação para manter esse atendimento no Juruá, para que esses pacientes não tenham que ficar se deslocando até aqui. Queremos fazer uma busca ativa, ver quais são os pacientes que estão precisando de cirurgia, que tipo de cirurgia estão precisando, qual tratamento cada um precisa. Para planejar as nossas próximas idas. Além disso, pretendemos também começar a fazer algumas cirurgias no Juruá, para que esses pacientes não precisem se deslocar até Rio Branco. Tudo isso pensando no conforto e na segurança de cada um”, enfatiza.
Os atendimentos serão realizados no período da manhã e da tarde. Os pacientes já estão agendados e avisados previamente sobre o horário em que serão atendidos. Porém, conforme a coordenadora do PRAFF, qualquer pessoa da região que seja portadora da fissura labiopalatina pode procurar o Tratamento Fora de Domicílio, em Cruzeiro do Sul, para participar da ação.
“Pensamos nesse atendimento em Cruzeiro do Sul, porque temos um número grande de pacientes na região do Juruá, e sabemos como é difícil para saírem de casa, vir até a capital e receber o tratamento. E muitos ficam desassistidos, porque às vezes, por mais que o TFD possa trazer o paciente até Rio Branco, muitos não conseguem ficar longe de casa por uma série de motivos”, destaca.
Lucena aponta que o intuito é descentralizar o serviço indo até Cruzeiro do Sul e oferecer essa assistência a população do Juruá.
“Nosso objetivo é nos aproximarmos desses pacientes para oferecer um tratamento no conforto do lar e acreditamos que dessa forma vamos conseguir alcançar um maior número de pessoas”, pontua.
Relevância das ações e do programa
Para a coordenadora, não somente a ação no Juruá, mas o programa como um todo, são extremamente importantes. A fissura labiopalatina traz uma série de limitações que variam, conforme o tipo de fissura que cada indivíduo possui.
“Por exemplo, um problema na fala, que vai deixar o paciente com a timidez, às vezes exagerada, podendo ter uma dificuldade de socialização. Ou pacientes com alteração na arcada dentária, que a fissura atinge diretamente essa área, também vai ter problema de autoestima”, comenta.
A coordenadora complementa ainda. “A fissura labiopalatal atinge a face do paciente, que, às vezes, é o nosso carro-chefe. E nós precisamos tratar desse paciente e restabelecer a anatomia que a fissura fez com que fosse perdido, já que o indivíduo nasceu com essa anomalia. Para que, assim, possa viver em sociedade de uma forma saudável, sem transtornos psicológicos, se sentindo bem e com a autoestima elevada”, destaca.
PRAFF em Rio Branco
A ortodontista explica também que para participar do programa é fácil. “Todo paciente portador de fissura labiopalatal, pode participar. Hoje não temos fila de espera para ambulatório. Então, basta o paciente ir na Fundhacre. é só o paciente ir na fundação”, diz.
Atualmente, o PRAFF funciona, em Rio Branco, na sala 27 do ambulatório da Fundhacre e está aberto para receber novos pacientes. O cadastro é simples.
“O paciente vai poder participar da primeira consulta com a equipe multidisciplinar. A partir dela, vão ser dados os segmentos necessários. Nós também observamos quais são as necessidades que o paciente tem para que possa ser reabilitado. E fazemos um plano de tratamento”, detalha.