
Acontecerá em Xapuri, nesta sexta-feira, 26, e sábado, 27, a oficina “Patrimônio cultural em risco: enfrentamento e adaptação aos eventos climáticos extremos em Xapuri”. O encontro faz parte do projeto Canteiro Modelo de Conservação de Xapuri, realizado pela Universidade Federal do Acre (UFAC) em parceria com o Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e reunirá especialistas, gestores públicos e comunidade local para discutir estratégias de preservação do patrimônio histórico e medidas de enfrentamento aos impactos ambientais.
A residência de Chico Mendes e seu entorno, locais de grande valor histórico e cultural, são um dos focos da iniciativa. O espaço, que atrai pesquisadores, ambientalistas e turistas, representa não apenas a memória da luta socioambiental amazônica, mas também uma importante fonte de renda e de fortalecimento da identidade regional.
Durante a programação, serão apresentadas propostas para conservação e mitigação de riscos, como a implantação de biofiltros para tratamento de esgoto sanitário, estratégias de redução de danos em situações de crise e planos de ação voltados à segurança comunitária. A Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e a Prefeitura de Xapuri também participarão dos debates.
A programação contará com a participação de especialistas como a professora Josélia Alves (UFAC), o professor Ricardo Moretti (UFABC), os engenheiros sanitaristas Yves Brito (Vigiágua) e Jorginey Araújo (UFAC), além de representantes do IPHAN, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Prefeitura de Xapuri.
A coordenadora do projeto Canteiro Modelo de Conservação de Xapuri, professora Josélia Alves, que é arquiteta e urbanista, destaca a importância do encontro como oportunidade de integração entre ciência e saberes tradicionais:
“A oficina tem como objetivo promover uma troca de conhecimentos para conviver melhor e de forma menos impactante com as inundações, que são inevitáveis e tendem a se intensificar com as mudanças climáticas. É fundamental aprender com a sabedoria da população ribeirinha, entender suas dificuldades e pensar em como instituições e prefeituras podem colaborar no enfrentamento dessas situações”, afirmou.
Ela também destacou o protagonismo da Casa de Chico Mendes dentro do projeto Canteiro Modelo de Conservação de Xapuri:
“Nos últimos dez anos, os eventos extremos como inundações, secas e queimadas se intensificaram no Acre, afetando grande parte dos municípios, incluindo Xapuri. Esse cenário, somado aos processos erosivos no entorno da Casa de Chico Mendes, representa um desafio para o projeto. Por isso, é essencial ouvir a comunidade, compreender suas dificuldades e, junto com instituições públicas, buscar soluções que protejam não apenas a casa de Chico Mendes, mas também a vida e os bens das famílias locais”, ressaltou.
Na abertura, marcada para esta sexta-feira à tarde, será apresentado o projeto Canteiro Modelo de Conservação de Xapuri. Em seguida, ocorrerão palestras sobre segurança, riscos e planos de contingência, bem como atividades coletivas de leitura do território, onde a comunidade poderá identificar problemas e propor soluções.
O segundo dia será dedicado a temas como abastecimento de água potável, tratamento de esgoto, prevenção de riscos, ações conjuntas da Defesa Civil e estratégias de emergência. Também haverá visita à área de entorno da Casa de Chico Mendes e debate sobre prioridades para a redução de danos e fortalecimento da segurança local.
Segundo os organizadores, a oficina busca reafirmar o compromisso com a preservação da memória histórica e cultural da região, ao mesmo tempo em que propõe soluções práticas para enfrentar os impactos dos eventos climáticos extremos que afetam a Amazônia.
