Rio Branco, 20 de outubro de 2025.

1200X250 - cópia

Com abastecimento de água comprometido há mais de 10 dias, Prefeitura pode criar Plano de Contingência para minimizar impactos

Enoque culpou a turbidez da água pelo comprometimento do abastecimento: Foto Dell Pinheiro

Em entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira, 20, o diretor-presidente do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb), Enoque Pereira, explicou que os motivos para o falta de água na capital acreana. Conforme o gestor, o problema é a turbidez da água (sedimentos e lama que alteram a qualidade da água) sas estações de tratamento de água (ETA) I e II, unidades responsáveis pelo tratamento na capital acreana.

Ainda conforme o diretor-presidente do Saerb, a capacidade máxima de tratamento em turbidez das ETAs é de até 800 ntu (Unidade de Turbidez Nefelométrica) de turbidez. No entanto, nos últimos dias, os sedimentos e a lama chegaram a mais de 2 mil ntu.

“Nós estamos já com nove dias sem voltar à normalidade. Estranho é, mas é a natureza. Estamos desde o dia 10 com a turbidez acima de 1 mil, passando três desses nove dias acima de 2 mil de turbidez. As nossas ETAs não tratam porque não foram projetadas para tratar lama, foi para tratar água. E quando sobe acima de 1 mil temos que reduzir a vazão”, explicou Enoque.

Segundo Pereira, Rio Branco produz cerca de 1,6 mil litros de água por segundo. 

“A cada segundo enchemos mais de uma caixa e meia de 1 mil litro. Só que agora não conseguimos mais fazer isso, porque para produzir esse mesmo volume teríamos água suja lá na ponta e não mandamos água suja para as casas. Fazemos toda a análise na ETA e nos bairros da qualidade da água Então, não vamos baixar a qualidade da água”, disse.

Enoque complementou ainda. “A ETA I não consegue subir mais do que está tratando agora, que é 400 e pouco litros por segundo, porque se aumentar vai sujar a água. Na ETA II a mesma coisa, hoje já aumentamos para quase 1 mil litros por conta e risco, para poder ver se ameniza a situação. Então, vamos observar se vai sujar, se for sujar vamos reduzir de novo a vazão. Mas esperamos que agora, com essa chuva que já passou, que essa turbidez fique mais baixa”, acrescentou.

Questionado se todos os bairros estão sendo afetados por este problema, Pereira respondeu que depende dos reservatórios.

“Alguns bairros dependem, saindo da ETA para os bairros, algumas residências já recebe água. Infelizmente, não era para ser assim. Alguns bairros dependem exclusivamente da I ou da II.  Mas tem muita região que depende das duas no conjunto. Bairros como uma parte da Estação, uma parte do Centro e um pouco da parte alta tiveram mais dificuldade em relação a isso. Mas, tentamos equalizar da melhor maneira possível. Esperamos que hoje normalize praticamente 95% da água tratada. Vamos tentar chegar a quase 1,5 mil litros por segundo e esperar. Se firmar mais um tempo, conseguiremos avançar para 1,6 mil litros”, afirmou.

Plano de Contingência

O coordenador da Defesa Civil Municipal, tenente-coronel Cláudio Falcão, também concedeu entrevista na manhã desta segunda-feira, 20. 

Coordenador da Defesa Civil não descarta Plano de Contingência: Foto Dell Pinheiro

O gestor do órgão destacou que o nível Rio Acre tem passado por oscilações frequentes e, tudo isso, faz com os sedimentos, que estão nas laterais do manancial, aumentem a turbidez da água. De acordo com Falcão, a possibilidade de um Plano de Contingência pode ser uma opção para minimizar os impactos no abastecimento.

“Estamos aqui junto ao Saerb porque, caso precise, temos que montar um Plano de Contingência de maneira que minimize todos os impactos e talvez a falta de abastecimento em alguns bairros. Mas a situação da água fica bastante turba justamente por isso. Os sedimentos, que é do próprio rio, faz com que a água fique cada vez mais difícil de ser tratada e com isso diminui a questão do tratamento, a distribuição, uma consequência que nós vivemos devido a essa oscilação que o rio traz”, destacou.

Segundo o tenente-coronel, a turbidez é um problema frequente da Amazônia devido ao tipo de terreno. Com o período das chuvas se aproximando, Falcão detalha que o Rio Acre pode alcançar uma certa estabilidade e afete esse questão da turbidez.

“A partir do momento que entramos em um período chuvoso de frequência, essa situação toda vai fazer com que aumente o nível do rio e com isso vai trazer mais turbidez. Por isso, que a Prefeitura de Rio Branco, o Saerb e a Defesa Civil devem estar preparados para poder minimizar os impactos. Portanto, vamos elaborar um Plano de Contingência para poder atender a todos”, enfatizou.

Falcão acrescentou também. “Hoje, estamos percebendo que, nos últimos meses, que o Rio Acre ultrapassou e voltou, várias vezes, para a marca dos 2 metros. Essa oscilação do rio também contribui pelo tempo que fica com maior dificuldade de tratamento da água. Agora, assim que tivermos uma estabilidade melhor no rio, melhora. Agora voltamos a afirmar que: as consequências que estão acontecendo com o Rio Acre, ao longo da sua extensão de 1.190 km, é bastante grave e é preciso que comecemos a agir nesse momento para poder diminuir todos esses impactos”, finalizou.

Compartilhe em suas redes

» Mais Lidas

1
Legado, Oportunidade
Morre empresário que acreditava no esporte como transformação na ...
2
Médicos do estado decidem deflagrar greve na sexta-feira
3
Calixto falando ou dizendo?
4
Bombeiros iniciam busca por pai e filho que desapareceram após sa...
5
Representantes da classe política prestigiam inauguração e destac...
Sem Fronteiras

» Notícias Relacionadas

Aleac_Queimadas_09-25