Rio Branco, 23 de outubro de 2025.

Golpe no WhatsApp foca no Brasil e rouba senhas; aprenda a se proteger

Olá, apaixonados por tecnologia! O Radar Tech, sempre antenado nas inovações que transformam o nosso mundo. Hoje, vamos mergulhar em um tema crucial para a segurança digital de todos os brasileiros: um novo ataque cibernético que está mirando especificamente nosso país através do WhatsApp Web. Com o avanço das técnicas de engenharia social e malwares cada vez mais sofisticados, estamos diante de uma ameaça que pode comprometer não apenas nossas conversas, mas também nossos dados bancários e informações pessoais mais sensíveis.

O que é o Sorvepotel e por que devemos nos preocupar?

Pesquisadores da renomada empresa de cibersegurança Trend Micro identificaram uma campanha maliciosa batizada de Sorvepotel — um nome curioso que deriva dos servidores utilizados pelos criminosos, cujos endereços remetem à expressão “sorvete no pote”. Esse malware representa uma nova geração de ameaças que combina engenharia social com técnicas avançadas de controle remoto.

O vírus atua de forma particularmente insidiosa: após infectar um computador, ele assume o controle do WhatsApp Web da vítima e automaticamente envia arquivos maliciosos para todos os contatos e grupos, criando um efeito dominó que amplifica exponencialmente o alcance do ataque.

Brasil no centro do alvo

Os números são alarmantes e revelam o foco específico no mercado brasileiro. Das 477 vítimas identificadas até o momento da pesquisa, impressionantes 457 casos ocorreram no Brasil — representando mais de 95% dos ataques registrados. Essa concentração não é coincidência: o malware foi programado para verificar idioma, localização e formato de data, validando se o sistema pertence a um usuário brasileiro antes de executar suas funções maliciosas.

A investigação da Trend Micro revelou que o Sorvepotel afetou principalmente:

  • Organizações governamentais e de serviços públicos
  • Empresas de tecnologia
  • Instituições educacionais
  • Setor industrial e de construção

Como funciona o ataque: a anatomia do golpe

1. Isca inicial

Os criminosos utilizam o WhatsApp para enviar mensagens aparentemente legítimas, como:

  • Supostos comprovantes de pagamento
  • Orçamentos de empresas
  • Documentos urgentes
  • Currículos ou propostas comerciais

A mensagem típica inclui frases como: “Baixa o [arquivo] ZIP no PC e abre”.

2. Execução e persistência

Quando a vítima baixa e executa o arquivo ZIP, o malware:

  • Instala-se silenciosamente no sistema
  • Cria mecanismos de persistência para reiniciar automaticamente
  • Estabelece comunicação com servidores de comando e controle

3. Duplo ataque: roubo e propagação

O Sorvepotel opera em duas frentes simultâneas:

Roubo de credenciais:

  • Exibe versões falsificadas de sites bancários
  • Captura senhas de corretoras de criptomoedas
  • Monitora atividades do navegador
  • Registra informações digitadas (keylogging)

Propagação automática:

  • Assume controle do WhatsApp Web
  • Envia automaticamente o arquivo malicioso para todos os contatos
  • Replica-se em grupos, explorando a confiança da rede social da vítima

Riscos além do roubo: consequências inesperadas

Além do óbvio risco de ter senhas bancárias comprometidas, as vítimas enfrentam uma consequência adicional: o banimento do WhatsApp. Como o malware envia mensagens repetitivas com arquivos suspeitos, a plataforma pode interpretar essa atividade como spam, resultando no bloqueio da conta.

Segundo Marcelo Sanches, líder técnico da Trend Micro Brasil, a máquina infectada torna-se um “zumbi” sob comando dos atacantes: “É aberta uma porta de comunicação e, a partir disso, o sistema de ataque passa a receber instruções, podendo se atualizar ou receber comandos externos.”

Guia completo de proteção: como blindar-se contra o Sorvepotel

Para usuários individuais:

  1. Desative downloads automáticos
    • WhatsApp > Configurações > Armazenamento e dados > Download automático de mídia
    • Desmarque todas as opções ou configure apenas para contatos conhecidos
  2. Confirme antes de abrir qualquer arquivo
    • Mesmo de contatos conhecidos, confirme por telefone ou pessoalmente
    • Desconfie de mensagens urgentes ou com erros de português
  3. Ative a verificação em duas etapas
    • WhatsApp > Configurações > Conta > Verificação em duas etapas
    • Configure um PIN de 6 dígitos e e-mail de recuperação
  4. Monitore sessões ativas do WhatsApp Web
    • Regularmente acesse: WhatsApp > Dispositivos conectados
    • Encerre sessões não reconhecidas imediatamente

Para empresas e organizações:

  1. Implemente políticas de segurança rigorosas
    • Restrinja downloads em dispositivos corporativos
    • Bloqueie execução de arquivos .exe de pastas de download
    • Configure firewalls para monitorar comunicações suspeitas
  2. Realize treinamentos regulares
    • Conscientize funcionários sobre engenharia social
    • Simule ataques de phishing para testar preparação
    • Estabeleça protocolos claros para validação de arquivos
  3. Monitore atividades suspeitas
    • Implemente soluções de detecção de ameaças em tempo real
    • Configure alertas para downloads e execuções não autorizadas
    • Mantenha logs de atividades para investigações

Sinais de alerta: como identificar uma possível infecção

Fique atento aos seguintes indicadores:

🚨 Sinais imediatos:

  • Mensagens sendo enviadas automaticamente pelo seu WhatsApp Web
  • Janelas do navegador abrindo sem comando
  • Pop-ups estranhos ou extensões desconhecidas instaladas

🚨 Sinais de sistema:

  • Lentidão anormal do computador
  • Alto uso de CPU sem motivo aparente
  • Processos desconhecidos no Gerenciador de Tarefas

🚨 Sinais de segurança:

  • Alertas de login não reconhecido em contas bancárias
  • Notificações de acesso suspeito em e-mails ou redes sociais
  • Movimentações financeiras não autorizadas

Protocolo de emergência: o que fazer se você foi infectado

Ação imediata (primeiros 5 minutos):

  1. Desconecte da internet (Wi-Fi e cabo)
  2. Revogue todas as sessões do WhatsApp Web pelo celular
  3. Não digite senhas ou acesse contas bancárias

Limpeza e recuperação:

  1. Execute varredura completa com antimalware atualizado
  2. Troque todas as senhas a partir de um dispositivo limpo
  3. Ative 2FA em todas as contas críticas
  4. Limpe cache e cookies do navegador
  5. Verifique programas que iniciam com o sistema

Monitoramento pós-incidente:

  1. Monitore extratos bancários por pelo menos 30 dias
  2. Configure alertas de movimentação em contas
  3. Comunique contatos sobre possíveis mensagens suspeitas
  4. Considere restauração do sistema se sintomas persistirem

Resposta oficial das instituições

WhatsApp

A plataforma reforça suas orientações de segurança: “Independentemente do serviço de mensagens que você use, só clique em links ou abra arquivos de pessoas que você conhece e confia. Estamos sempre trabalhando para tornar o WhatsApp o lugar mais seguro para a comunicação privada.”

Febraban

A Federação Brasileira de Bancos destaca os investimentos em segurança: “O sistema bancário possui robustas estruturas de monitoramento e utiliza o que há de mais moderno em tecnologia e segurança da informação. Neste ano deverão investir quase R$ 48 bilhões em tecnologia e segurança.”

Perspectivas futuras: a evolução das ameaças digitais

O caso Sorvepotel ilustra uma tendência preocupante na evolução das ameaças cibernéticas: a combinação de engenharia social com automação maliciosa. Diferentemente de ataques tradicionais que dependem de falhas técnicas, essa nova geração de malwares explora o fator humano e a confiança nas redes sociais.

A sofisticação crescente desses ataques exige uma resposta igualmente evoluída da nossa parte. Não basta mais confiar apenas em antivírus tradicionais; precisamos desenvolver uma cultura de segurança digital que combine tecnologia, educação e vigilância constante.

O futuro da segurança digital no Brasil desenha um cenário onde a prevenção e a educação não serão mais opcionais, mas essenciais para nossa proteção online. A promessa é de um ambiente digital mais seguro e consciente, onde cada usuário se torna um agente ativo na defesa contra ameaças cibernéticas. Com conhecimento, ferramentas adequadas e vigilância constante, podemos transformar o Brasil em um território menos vulnerável aos ataques digitais. Fiquem ligados no Portal Acre para mais novidades sobre segurança digital e tecnologia!

Robison Luiz Fernandes é Analista de Sistemas e colunista do Portal Acre.

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Robison Luiz Fernandes

Analista de Sistemas com DNA curitibano, coração cacoalense e alma rio-branquense, com mais de 18 anos como servidor e Analista de Sistemas no judiciário acreano. Apaixonado por tecnologia, compartilhando conhecimentos sobre inovações, tendências e novas tecnologias.

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