Diversos moradores da região conhecida como Papouco, no bairro Dom Giocondo, em Rio Branco, compareceram á Câmara de Vereadores para debater sobre a possível realocação para o loteamento Rosa Linda, na região do Segundo Distrito da capital acreana. O debate está realizado na Tribuna Popular proposta pelo vereador Fábio Araújo (MDB).
Na última semana, o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) promoveu, uma reunião com representantes da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (Sasdh) para discutir a retirada de famílias. Segundo o secretaria, a área apresenta alto risco de deslizamento e erosão, além de graves problemas sociais.
No encontro, a Sasdh apresentou um relatório socioeconômico sobre a comunidade. Conforme o documento, 95% das famílias estão inseridas no Cadastro Único e recebem acompanhamento de assistência social e saúde.
Maria Souza, de 54 anos, mora na região há sete anos. De acordo com a moradora, a secretaria havia comunicado que seria realizado um cadastramento do CadÚnico.
“O posto da 6 de Agosto ia ficar exclusivo para nós. Teríamos prioridade quando chegasse lá. Eu pensei que bom, se quiser um remédio para dor de cabeça, camisinha, essas coisas todas pode ir lá que vão ser atendidos. Eu peguei e assinei por isso. Agora chegam dizendo que nós tínhamos assinado um documento dizendo que iria sair das nossas casas”, disse.
Segundo Maria, os moradores não querem sair daquela região. “Se vocês falaram, dona Maria, a senhora quer sair daqui? Eu tinha falado, não quero sair. Mas vir com essa lorota para mim, dizer que era da saúde, agora dizer que a gente assinou, todo mundo quer dar novas casas. Eu não concordo com isso. Sejam verdadeiros”, declarou.
Wellinton Pinheiro, de 38 anos, é presidente do bairro há 5 anos. De acordo com ele, nenhum dos 78 moradores da região quer ser realocado.
“Nós fomos recebidos pelo pessoal da assistência social, que tem hoje como secretariado o João Marcos Luz. Ele mandou a sua equipe fazer um cadastro do CadÚnico, Bolsa Família e até de saúde. E quando deu uma semana, nós fomos recebidos com uma baita mentira que os moradores do Papouco queriam se retirar de lá. Sendo que isso é uma baita de uma mentira”, afirmou.
O representante do bairro complementou ainda. “Eu quero dizer que estou aqui representando a nossa comunidade, Papouco, e a nossa comunidade não quer ser retirada de lá jamais, porque nós moramos no centro da cidade e eles querem nos colocar no Rosa Linda, num lugar bem ao lado da Cidade do Povo. Hoje nós vivemos num bairro periférico e vivemos numa sociedade que é dominado pelas facções. Mas onde nós moramos, vivemos em paz porque é perto do centro. Nós que vivemos em paz com a nossa comunidade, todo mundo se conhece ali na nossa comunidade e levando a gente para o Rosa Linda, estão nos levando para a morte, ao lado da Cidade do Povo”, acrescentou.
No documento enviado pela Sasdh ao Ministério Público, conta que a necessidade de desocupação do local devido à instabilidade do solo e às condições precárias de moradia. A ação prevê, dentro dos próximos 90 dias, a realocação das famílias para o loteamento Rosa Linda.
Conforme o vereador Fábio Araújo, a própria população convidou o parlamentar para visitar a região e discutir as demandas que a região tem.
“Segundo o que foi relatado pelo próprio secretário, 95% da população teria solicitado essa transferência de mudança para um outro local da cidade. A convite da própria população, nós estivemos lá duas vezes e foi constatado que a Prefeitura foi lá fazer uma atualização do Bolsa Família e do CadÚnico. Então, nós estamos convidando toda a população aqui do Papouco para vir aqui na Câmara”, disse.
Segundo o parlamentar, posteriormente poderá ser realizada uma Audiência Pública convidando o MPAC, a Sasdh e os moradores para debaterem sobre essa questão.
“Tendo em vista que o secretário está aí fazendo politicagem todos os dias, dizendo que vai retirar o povo de qualquer jeito. E não é assim que se faz. Desde 2021, quando assumimos o mandato, acho que foi uma das primeiras visitas que eu fiz já no parlamento, solicitando intervenção da prefeitura de melhoria para aquele local. Nós temos ali trapichos, que entram ali no Cristo e saem do lado do Instituto São José, que nunca tiveram manutenção para acesso da população e também levar a dignidade daquelas pessoas”, concluiu.
