
O Governo do Estado do Acre definiu o nome da nova ponte que liga o centro de Xapuri ao bairro Sibéria. A obra, em fase de conclusão, se chamará Jamil Félix Bestene, em homenagem a um dos personagens mais respeitados da história do município. A inauguração está prevista para ocorrer após a COP-30 — que será realizada em Belém (PA), entre os dias 10 e 21 de novembro —, em data que ainda será anunciada oficialmente.
A construção da ponte, iniciada em 2022, representa a concretização de um antigo sonho da população xapuriense. O investimento total foi de R$ 40 milhões, sendo R$ 25 milhões provenientes de emenda parlamentar do senador Márcio Bittar e R$ 15 milhões de recursos próprios do Governo do Estado.
O Departamento de Estradas de Rodagem do Acre (Deracre) mantém equipes mobilizadas na execução dos últimos acabamentos da estrutura, que promete transformar a mobilidade e a integração entre as duas margens do Rio Acre.
Um tributo a uma história de solidariedade
O homenageado, Jamil Félix Bestene, era um imigrante libanês que chegou ao Acre aos 17 anos de idade. De espírito empreendedor, iniciou sua trajetória como regatão pelo rio Acre, a bordo do batelão Felito, transportando pessoas e mercadorias até a região de fronteira com a Bolívia e o Peru.
Conhecido por oferecer caronas gratuitas e auxílio a quem precisava atravessar o rio, Jamil conquistou a admiração dos moradores de Xapuri. Durante o ciclo da borracha, tornou-se comerciante e figura emblemática da cidade.
Ele também foi padeiro, foguista em caldeira de navio e jornalista no periódico O Oeste, vinculado à administração municipal, que circulou entre os anos de 1949 e 1957, durante a gestão do prefeito Minervino Bastos.
Sua filha, a professora Nabiha Bestene, ex- secretária municipal de Educação de Rio Branco na gestão do prefeito Tião Bocalom, relembrou o legado do pai em publicação nas redes sociais:
“Meu saudoso pai Jamil Félix Bestene, um libanês que chegou no Acre em 1923… naturalizou-se brasileiro por amor a Xapuri, a querida ‘Princesinha do Acre’, onde constituiu sua família. Embora não tenha deixado riquezas materiais, deixou um legado moral sólido e duradouro, construído sobre trabalho honesto, solidariedade e afeto.”
Jamil faleceu em 2 de dezembro de 1980, poucos dias antes de completar 74 anos.
Raízes históricas do bairro Sibéria
O bairro Sibéria, que será conectado ao centro de Xapuri pela nova ponte, nasceu há muitas décadas como um acampamento de seringueiros que pernoitavam para fazer compras nas antigas casas aviadoras às margens do rio.

Um dos moradores mais antigos da região, Alberto Fernandes de Souza, de 74 anos, recorda o início do povoamento do local:
“Eu fui um dos primeiros a amarrar um cavalo do lado da Sibéria para vir à cidade. Naquele tempo, o rio era a única estrada que tínhamos”, contou.
Com a conclusão da Ponte Jamil Félix Bestene, Xapuri se prepara para viver um dos momentos mais simbólicos de sua história recente — a travessia definitiva entre o sonho e a realidade, unindo não apenas as duas margens históricas, mas gerações inteiras de xapurienses.








