Soluções tecnológicas que dialogam com a floresta amazônica e com as populações que vivem na maior floresta tropical do mundo serão apresentadas durante a COP 30, que acontece em Belém, de 10 a 21 de novembro, pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – Acre. As tecnologias estarão presentes na Agrizone, uma grande vitrine de ciência e cooperação internacional destinada à agricultura sustentável e ao combate à fome no contexto de mudanças climáticas.

Segundo o chefe geral da Embrapa Acre, Bruno Pena Carvalho, serão 11 dias repletos de atividades técnicas e articulações relevantes para a temática. “A Agrizone será a casa da agricultura sustentável e durante esses 11 dias, teremos 400 atividades técnicas, 45 cultivares e 30 sistemas agropecuários sustentáveis, com vitrine viva e muita articulação. Queremos mostrar que a inovação é o caminho para alimentar o mundo e proteger o planeta”, afirma Carvalho.
Saiba mais sobre algumas das tecnologias
Netflora
O Netflora, desenvolvido em parceria com apoio do Fundo JBS pela Amazônia, reúne um conjunto de algoritmos treinados com inteligência artificial (IA) e uso de drones para reconhecer espécies florestais. As árvores da Capoeira do Black, uma área de floresta dentro da Embrapa, em Belém, foi mapeada com o Netflora e a tecnologia irá compor a trilha durante visita guiada. O engenheiro florestal Mauro Karasinski, da equipe de pesquisa, irá apresentar a ferramenta para o público, que já mapeou mais de 100 mil hectares de floresta. “Isso é um avanço no uso de geotecnologias aplicadas à conservação e gestão sustentável das florestas brasileiras”, afirma Karasinki.
O Netflora utiliza como base as características botânicas, disponíveis em um banco de dados com mais de 60 espécies, esse aprendizado permite identificar árvores de interesse comercial e indicar a sua localização exata na floresta.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Acre Evandro Orfanó, o Netflora confere maior automação ao planejamento da atividade florestal e aumenta a precisão e eficiência na execução de planos de manejo. “O algoritmo também fornece métricas, como diâmetro e área de copa, que possibilitam estimar o volume de madeira de cada árvore. Essas ferramentas tecnológicas contribuem para o aumento da produção florestal com conservação ambiental”, afirma.
Sistema Guaxupé
Na Fazenda Álvaro Adolpho, dentro da Embrapa em Belém, foi montada uma vitrine de intensificação sustentável com o Sistema Guaxupé e outras alternativas. Composto por tecnologias de baixo impacto ambiental, o Sistema Guaxupé permite a intensificação da atividade pecuária com menor investimento econômico e ganhos ambientais significativos. Desenvolvido pela Embrapa, em parceria com pecuaristas do Acre, a tecnologia proporciona pastagens de alta produtividade e longa duração, aumentando a rentabilidade dos sistemas pecuários a pasto.
“A adoção do sistema proporciona aumento de 30% na produtividade de carne e bezerros por hectare, além de redução nas emissões de gases de efeito estufa”, afirma o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologias da Embrapa Acre, Daniel Lambertucci, que apresentará o Sistema Guaxupé para os interessados na Agrizone.
O método se baseia no uso de diferentes forrageiras para diversificar e manter a produtividade das pastagens; no consórcio de forrageiras com leguminosas que fornecem nitrogênio ao solo, em especial o amendoim forrageiro; controle preventivo de plantas daninhas, para redução de custos com reforma de pastagens; e manejo adequado do pasto, para garantir a oferta contínua de forragem para o rebanho.
Sistemas Agroflorestais
Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) são formas de uso da terra que envolvem a integração de árvores com cultivos agrícolas.
Experiências realizadas pela Embrapa Acre em parceria com agricultores familiares na Reserva Extrativista Chico Mendes, no município de Epitaciolândia (AC), há 15 anos, e no Projeto Reca, em Nova Califórnia (RO), há 25 anos, mostram que essa alternativa produtiva é economicamente viável e proporciona ganhos ambientais. “Por ser composto por espécies nativas da Amazônia, possibilita a elaboração de projetos de crédito e de recomposição de áreas de Reserva Legal (RL)”.
Serão apresentados no Os dois modelos de consórcio agroflorestal para produção de cupuaçu, castanha-do-brasil (também conhecida como castanha-do-pará e castanha-do-brasil) e sementes de pupunha e o consórcio para produção de cupuaçu, frutos e sementes de pupunha, copaíba e sementes de andiroba.
Bioeconomia
O potencial do bambu como ativo ambiental inclusivo e suas contribuições para bioeconomia será o foco das discussões no espaço Arena, da AgriZone, no dia 13 de novembro, às 12h45. O pesquisador da Embrapa Acre, Eufran Ferreira do Amaral, participa desse debate e também da assinatura do Acordo de Cooperação Técnica entre Embrapa e Hydro, empresa de alumínio e energia que envolve reflorestamento de áreas de mineração e desenvolvimento de tecnologias para o aumento da fertilidade do solo. Amaral ainda participa de discussões sobre mudança climática e povos tradicionais.
A castanha-da-amazônia (também conhecida como castanha-do-pará e castanha-do-brasil) é um dos produtos da sociobiodiversidade que compõem o Catálogo de máquinas e equipamentos para as cadeias produtivas da sociobiodiversidade que será lançado na Agrizone. A pesquisadora Cleísa Brasil, que coordenou esse levantamento, participa dessa ação.








