
“Dados do Programa Queimadas, plataforma do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais — INPE —, atualizados nesta sexta-feira, 31, mostram que o Acre encerrou o mês de outubro de 2025 com o menor índice de queimadas dos últimos seis anos para o período. Desde 2019, o estado não apresentava um número tão baixo para o mês, com a contabilização de 558 focos, bem abaixo dos 1.876 observados em outubro do ano passado.
Quando a comparação é feita para o período de janeiro a outubro, desde 2001 o estado não registrava índice mais baixo. Foram 2.150 focos este ano contra 8.468 no mesmo período de 2024, o que representa uma redução de 74%.
No ranking nacional de queimadas, o Acre ocupa a 12ª posição em 2025, o que também representa uma melhora significativa em relação aos anos anteriores.
Entre os municípios acreanos, Tarauacá (328 focos) e Feijó (320) lideram o número de ocorrências, seguidos por Rio Branco (244), Brasiléia (146) e Sena Madureira (144). Já os menores índices foram observados em Plácido de Castro (15) e Senador Guiomard (17).
A pesquisadora da Universidade Federal do Acre (Ufac) e coordenadora do Programa Acre Queimadas, Sonaira Silva, explicou que a redução está diretamente ligada a fatores climáticos e a um esforço conjunto de prevenção.
“Um grande fator que contribuiu para a redução com certeza foi a questão climática. Tivemos chuvas mais espaçadas e melhor distribuídas durante o verão, o que impediu a seca prolongada necessária para a propagação do fogo”, destacou a pesquisadora.
Além do clima, ela aponta que as ações de combate e conscientização foram intensificadas após o cenário crítico de 2024.
“Depois do ano passado, que foi muito crítico na Amazônia inteira, os esforços para prevenção foram redobrados. Foram criadas mais brigadas estaduais e federais, melhor distribuídas pelo território, e houve uma sensibilização maior da população que viveu de perto os impactos das queimadas descontroladas”, explicou.
A pesquisadora ressalta, contudo, que o bom resultado deve ser visto como um alerta para manter a vigilância: “Se a seca extrema voltar, o risco aumenta novamente. Mesmo o fogo controlado pode sair do controle se o solo e a vegetação estiverem muito secos”, afirmou.
Com o clima mais ameno, o reforço na fiscalização e o aprendizado das crises anteriores, o Acre caminha para consolidar em 2025 um cenário de redução expressiva nas queimadas, um avanço que, com base nas considerações de Sonaira Silva, aponta um resultado direto da integração entre ciência, política pública e conscientização comunitária.








