Rio Branco, 21 de novembro de 2025.

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IBGE revela condições precárias de saneamento e educação em áreas protegidas do Acre; estudo é apresentado na COP30

IBGE “em ação” coletando dados em comunidades de áreas protegidas no Acre: Acervo IBGE

Em um novo retrato estatístico divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a situação das populações que vivem em unidades protegidas da Amazônia Legal vem à tona. A publicação “Áreas Protegidas na Amazônia Legal: um retrato ambiental e estatístico”, lançada durante a COP-30, revela desafios estruturais profundos para comunidades de Unidades de Conservação (UCs), Terras Indígenas (TIs) e Territórios Quilombolas — com destaque para os dados do Acre.

No Acre, a precariedade no acesso a serviços básicos é alarmante. Entre as pessoas que residem em UCs, 92,11% convivem com alguma forma de deficiência no abastecimento de água, esgoto ou coleta de lixo — bem acima da média na Amazônia Legal, de 75,19%. Mais grave ainda: 53,68% das moradias nessas unidades acumulam simultaneamente todas essas deficiências.

Nas Terras Indígenas do estado, a situação é ainda mais crítica: segundo o IBGE, 99,96% das residências indígenas enfrentam ao menos uma forma de precariedade. Quando considerados os três problemas juntos (água, esgoto e lixo), essa condição afeta 80,01% das moradias.

Os dados do Censo 2022 também mostram que a taxa de analfabetismo nessas áreas protegidas está muito acima da média nacional (7,00%). Nas Terras Indígenas da Amazônia Legal, por exemplo, chega a 22,74%, e no Acre a alfabetização é ainda menor: cerca de 74,61% dos indígenas sabiam ler ou escrever, indicando que a exclusão educacional persiste fortemente.

A população das UCs na Amazônia Legal tende a ser mais jovem e diversa etnicamente. No Acre, 72,58% dos moradores dessas unidades se declaram pardos, 5,66% indígenas e 6,16% brancos, segundo o IBGE. Esta diversidade reforça a necessidade de políticas específicas que considerem não apenas a proteção ambiental, mas também a inclusão social.

Apresentado durante a COP-30 em Belém, o estudo do IBGE é um marco para o debate sobre políticas públicas na Amazônia. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), os dados ajudam a traçar diagnósticos mais precisos e a planejar ações integradas que considerem as realidades socioeconômicas das populações que vivem em áreas protegidas.

Para o Acre, os números reforçam a urgência de investimentos em infraestrutura básica, especialmente saneamento, e em programas educacionais adaptados às demandas das comunidades indígenas. A superação dessas desigualdades é não apenas uma questão de justiça social, mas também de fortalecimento da conservação ambiental, já que comunidades bem assistidas tendem a contribuir mais ativamente para a preservação dos territórios.

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