A Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac) sediou, nesta quinta-feira, 3, uma audiência pública para dialogar sobre o movimento das casas terapêuticas (CTs) do estado. O encontro, de autoria da deputada estadual Michelle Melo (PDT), reuniu representantes e diretores dos espaços de acolhimento, funcionários e familiares de dependentes químicos atendidos pelas iniciativas.
Segundo o levantamento do Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP), mais de 400 pessoas vivem nas ruas da capital acreana. Entre os fatores que levaram os cidadãos para essa realidade, a dependência química aparece no topo.
As casas terapêuticas atuam no processo de desintoxicação dos dependentes, e desempenham uma série de atividades de promoção de dignidade e reintegração à sociedade, o que engloba o trabalho junto a cartórios, já que muitos dos pacientes sequer são registrados, atendimento psicossocial, alimentação e estímulo ao retorno para o mercado de trabalho.
Desde 2019, as casas terapêuticas atuam sem o apoio financeiro do Governo do Acre, que retiraram os convênios e parcerias. A reivindicação também clama pela retomada do apoio com capital.
Para a deputada Michelle Melo, a audiência busca não só mostrar a importância das casas terapêuticas, mas também realizar uma chamada ao governo para que a parceria e convênios com os espaços sejam retomados. “Primeiro, nós queremos mostrar a todos a importância das casas terapêuticas […] e o que a gente quer, também, é que a nossa comunidade entenda o trabalho maravilhoso que as CTs fazem e fazer um chamado para que o governo retome a parceria, os convênios, para que a gente possa retirar essas pessoas das ruas e colocar dentro de um lugar onde elas realmente possam ser acolhidas e tratadas”, declarou a parlamentar.
Cacilda Barbosa Paes está à frente da casa terapêutica Ebenézer, da Associação Cristã Alfa. Para a missionária, as CTs possuem um papel fundamental que não é reconhecido pela rede de assistência aos dependentes químicos e pessoas em situação de rua. A casa Ebenézer atua há 20 anos em prol dos que precisam.

“E vemos a importância desse momento para todos nós, um momento de gratidão, porque uma audiência é onde temos a possibilidade de ter voz. Nós trabalhamos nos bastidores e muitas vezes não temos tempo de estar presentes nas mesas de debate, construindo leis, para que a gente possa desenvolver o nosso trabalho. São décadas de serviço prestado à comunidade, muitas vezes com estigmas, mas temos nos mantido em prol do bem, do servir sem bandeira, sem discriminação, mas isso precisa de um respaldo”, disse a missionária.