Há 30 anos, a comunidade terapêutica Jovem Peniel se dedica à comunidade com dependência química e pessoas em situação de rua. Além do trabalho de reabilitação, a casa de acolhimento busca colaborar para o processo de reinserção na sociedade e mercado de trabalho, para que os cidadãos possam viver com dignidade e com bem-estar físico e mental.

Atualmente, a comunidade atende 16 acolhidos. De acordo com o diretor da casa terapêutica, o pastor Gilson Borges de Oliveira, a capacidade é para 25, mas por questões financeiras e para garantir assistência qualificada para todos, foi necessário reduzir o número de atendimentos. “Não é porque não há procura, a procura é muito grande. Então essa é a nossa situação e a nossa realidade. Mas como pastor, eu acredito no sobrenatural de Deus e que ele nos capacita e possibilita permanecer atuando”, explica o diretor.
Segundo Gilson Borges, a atuação da comunidade é movida por gestos solidários, que recebe doações de pessoas sensíveis à causa.
“Nossa fé precisa ser movida por ações, por atitudes. Com sabedoria, a gente cria meios, mecanismos, para que a gente alcance o recurso e os nossos objetivos, e um desses meios são as doações, também temos a oferta, o dízimo, nós realizamos almoços, o bazar, e tudo isso ajuda a manter o nosso trabalho”, disse Borges.
A comunidade é uma estrutura de atendimento social ligada à Igreja Batista Peniel, e utiliza da espiritualidade para auxiliar a caminhada dos cidadãos que desejam se libertar dos vícios. Por isso, a igreja realiza uma “triagem” com seus acolhidos para que a fé seja manifestada de forma plural.
“A gente de nenhuma forma rejeita. Se a pessoa não tem ou tem uma religião diferente da nossa, ela é acolhida. E lá ela tem esse tempo para praticar sua espiritualidade e o que ela acredita. Todas as comunidades terapêuticas têm esse lado, porque é uma tríade: a espiritualidade, o convívio entre os pares e as atividades laborais. E esse trio é importante para que a gente alcance sucesso no tratamento de dependência química”, acrescenta.
O pastor compartilha que de 100, 40% dos que procuram tratamento conseguem se libertar do vício e reitara que a iniciativa pessoal e apoio dos vínculos familiares é imprescindível para o tratamento.
“40% das pessoas que procuram obtém resultado, porque vai depender também de uma série de ações, circunstâncias, entre elas a questão da família, muitas vezes a família não participa de forma ativa do tratamento do residente, do acolhido, e isso é importante. O apoio da família e o querer do acolhido”.
Fábio Montenegro é ex-dependente químico atendido pela casa terapêutica Jovem Peniel. “Graças à comunidade Jovem Peniel, a minha vida foi resgatada, foi transformada. Não sei o que seria de mim se não fosse a comunidade terapêutica. Eu agradeço a todos vocês pelo esforço que fazem. Depois da minha recuperação, eu me casei, e nada disso seria possível se eu não tivesse passado por um processo de recuperação”, compartilhou Montenegro.
O depoimento de Fábio suscita o debate sobre a necessidade de uma política pública que fortaleça a oferta de tratamento aos dependentes químicos na capital acreana. A falta de assistência tem feito com que aumente, consideralmente, a população em situação de drogadição nas ruas de Rio Branco.