Rio Branco, 5 de julho de 2025.

Sem Fronteira

“Na dança consegui me reerguer”: quadrilheiro com deficiência visual lidera quadrilha reconhecida como Patrimônio Cultural do Acre

Um dos fundadores da quadrilha Explosão Junina e atual presidente do grupo, Neeck Paes, de 28 anos, é apaixonado por dança, música e teatro. Com apenas 10 anos de idade, iniciou no cenário artístico e musical por meio da fanfarra, um estilo de apresentação composta por instrumentos de percussão e sopro. Aos 18, virou regente, sendo responsável por coordenar o grupo musical.

Neeck é presidente e noivo da quadrilha Explosão Junina: Foto acervo pessoal

Nesta mesma época, a quadrilha entrou na vida de Neeck Paes. Uma oportunidade de dançar e atuar, algo que o acreano sempre admirou e cultivou. Em 2023, durante uma apresentação, um acidente envolve bombinhas fez com que o quadrilheiro perdesse a visão do olho direito. O que parecia ser o fim de uma história na dança e na cultura, se tornou um exemplo de superação e exemplo para quem o acompanha no circuito junino no Acre.

Em entrevista ao Portal Acre, o artista conta que passou por uma recuperação severa durante dois meses e que sequer aguentava olhar para a luz do sul em razão da sensibilidade. O período acabou desencadeando um episodio depressivo na vida do jovem.

“De tanto ficar trancado em casa, fiquei com depressão e acabei ficando muito ‘pra baixo, mas com muita luta e ajuda de amigos, consegui me recuperar”, relata.

Com apenas quatro meses de recuperação, Neeck decidiu voltar aos tablados e participar de um concurso solo de dança. “Foi na dança que eu consegui me reerguer novamente e nesse concurso fiz a performance de Lampião e fui campeão”, conta o jovem.

“Cultura me ajudou a superar a depressão”, diz Neeck ao falar sobre a superação de sua deficiência visual: Foto acervo pessoal

Desde então, Paes vem dançado todos os anos e é um exemplo de força e determinação para os companheiros de quadrilha. Além de fundador, Neeck Paes também é o noivo da Explosão Junina, uma das quadrilhas mais tradicionais de Vila Campinas, em Plácido de Castro. Este ano, a Explosão Junina foi reconhecida pelo governo do Acre como Patrimônio Cultural do Estado do Acre.

Para Neeck, nenhuma deficiência deve parar a felicidade e fala sobre como a atividade cultural pode ser importante para ajudar a superar os desafios da vida, entre eles, o sentimento depressivo.

“Se não fosse a cultura na minha vida, eu não conseguiria ter saído da depressão com tanta facilidade. Quando eu danço, me sinto completo. Nunca abandonem aquilo que amam, deficiência nenhuma pode parar a felicidade, siga firme nos seus sonhos e objetivos”.

Neeck em uma de suas apresentações performáticas na qudrilha: Foto acervo pessoal

Compartilhe em suas redes

» Mais Lidas

1
Talento do Acre
“Comecei a lutar porque sofria bullying”; Conheça o pugilista de ...
2
Boa notícia
Parceria amplia oferta de exames a crianças no Acre
3
Tião Bocalom destaca importância da liberdade de imprensa durante...
4
Legado, Oportunidade
Morre empresário que acreditava no esporte como transformação na ...
5
Médicos do estado decidem deflagrar greve na sexta-feira
Sem Fronteiras

» Notícias Relacionadas

Sem Fronteira