
Mileny Andrade (estagiária), sob supervisão de Leônidas Badaró
O estudante Matheus Lopes Gomes denunciou, nesta quarta-feira, 20, falhas graves no atendimento prestado à sua avó, Maria do Carmo Lopes da Cruz, de 83 anos, no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (HUERB), o Pronto-Socorro. A idosa havia passado por uma cirurgia de apendicite há 12 dias, mas precisou retornar ao Pronto-Socorro após o rompimento dos pontos.
Segundo o relato, Maria do Carmo deu entrada no hospital na última segunda-feira, por volta das 17h30, com a cirurgia aberta e as vísceras expostas. Após a triagem, foi colocada em uma cadeira de plástico, aguardando uma maca. Mesmo depois de encaminhada para a observação geral, permaneceu horas esperando pelo cirurgião de sobreaviso.
“Ela ficou das 18h até pouco depois das 22h sem atendimento especializado. Só foi vista porque, desesperado, acionei amigos. Minha avó sentia dores muito fortes, tossia, e a cirurgia estava aberta, com as vísceras aparecendo. Foi a coisa mais feia do mundo. Jamais queria ter visto minha avó assim”, disse Matheus.
De acordo com ele, um médico amigo da família acabou indo até o hospital e recomendou urgência no encaminhamento ao centro cirúrgico. Porém, Maria do Carmo não pôde ser operada imediatamente porque havia recebido alimentação (mingau), o que inviabilizava a anestesia geral. Com isso, a cirurgia só aconteceu na terça-feira, às 10h40 da manhã, sendo finalizada por volta das 14h.
O Portal Acre recebeu imagem da cirurgia, onde é possível verificar os pontos abertos e parte das vísceras, mas, por respeito aos leitores e, preservando seus princípios editoriais, decidiu alterar a foto original (veja abaixo).
Mesmo após o procedimento, novos problemas foram relatados: o transporte solicitado para levá-la à UTI só ocorreu após as 20h de quarta, mais de seis horas depois.
Além da demora, Matheus denunciou as condições precárias do hospital. “As macas são velhas e enferrujadas, os lençóis se rasgam de tão antigos, copos descartáveis são raros, portas sem maçaneta, torneiras quebradas, banheiros imundos, sem descarga funcionando. Falta o básico para um atendimento digno. Mas os shows milionários acontecem. E a saúde? A vida humana? Fica em segundo plano”, criticou.
Maria do Carmo segue internada na UTI da Fundação Hospitalar, devido à idade e ao histórico de cardiopatia, mas, segundo o neto, está estável.
A Secretaria Estadual de Saúde foi procurada, mas não se manifestou.

Veja o vídeo do neto de Maria da Cruz onde foi feita a denúncia.