Rio Branco, 26 de agosto de 2025.

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Conscientização e Cura: Audiência pública reforça luta contra a hanseníase com informação e combate ao preconceito em Rio Branco

A Câmara de Rio Branco sediou, nesta segunda-feira, 25, uma Audiência Pública na Câmara de Rio Branco com o tema “Hanseníase: sem preconceito, com informação e cura”. O debate, que reuniu autoridades, profissionais da saúde e representantes da sociedade civil, teve como foco a conscientização e enfrentamento da doença. O encontro foi proposto pelo vereador João Paulo (Podemos).

De acordo com o parlamentar, um dos pontos principais abordados no debate se refere às necessidades dos usuários do serviço público de saúde em ter uma rede descentralizada de atendimento.

Audiência pública debateu enfrentamento ao preconceito contra os hansenianos. Foto: Assessoria

“Precisamos preparar uma rede que possa atender essas pessoas que foram acometidas, segregadas e que sofreram com a hanseníase nos anos 70, 80 e 90. Sabemos que hoje, inclusive, há um movimento a nível nacional para tentar recuperar os documentos e as comprovações para segurar a aposentadoria para essas pessoas”, ressaltou o vereador.

Outro ponto abordado no debate é a necessidade da capital ter uma política instituída para essa população. O vereador destacou o Projeto de Lei (PL) de sua autoria que institui Política Municipal de Educação Preventiva e de Combate ao Preconceito contra a Hanseníase no Município de Rio Branco. O PL foi encaminhado ao Executivo Municipal para ser sancionado.

“Nós somos uma área endêmica, nós estamos na Amazônia, e é uma área endêmica e precisa ter políticas públicas voltadas a essas pessoas. Lembrando que a hanseníase voltou a aparecer na nossa sociedade. Nós temos casos, em Sena Madureira, Rio Branco, Manoel Urbano, são municípios que vieram a ter casos positivos. Por isso, precisamos preparar toda a política territorial para atender esses pacientes da melhor maneira possível e estancar o crescimento dessa doença”, enfatizou.

O Acre, segundo levantamento do Ministério da Saúde, tem a maior taxa de casos da doença a cada 100 mil habitantes no país. A maior prevalência é nos municípios de Rio Branco e Cruzeiro do Sul. Segundo a coordenadora da Vigilância Municipal de Saúde, Socorro Martins, o encontro foi de extrema importância para para tratar e considerar todas as ações de vigilância da hanseníase, principalmente o combate à desinformação.

“E falar sobre o progresso do nosso trabalho, falar do nosso plano e mostrar também que nós ainda estamos deixando muito a desejar, no momento em que os casos estão aumentando, e que todos juntos, vereadores, secretarias estaduais e municipais de Saúde, e o Morhan precisam dar as mãos para, eventualmente, nós fortalecermos mesmo essa política da hanseníase e demonstrar que a doença tem cura”, detalhou.

A coordenadora complementou também que é necessário começar, de imediato, os atendimentos dos pacientes com hanseníase nas unidades de saúde. “Descentralizar esse sistema, esse programa, para que a população encontre o atendimento mais próximo da sua casa”.

Para o secretário de Comunicação do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) Nacional, Elenilson Silva, a discussão é importante pois a hanseníase é uma doença que ainda existe na sociedade e é necessário que os poderes públicos estejam mobilizados para combater essa doença.

O secretário do Morhan Nacional, Elenilson Silva, esteve presente e citou a necessidade de políticas públicas para a comunidade que vive com a doença. Foto: Assessoria

“Esse momento é de grande importância para o Morhan e para toda a sociedade que precisa, que está mobilizada para o enfrentamento a essa doença. Vale lembrar que a hanseníase, no Brasil, só perde para a China, em números de casos da doença. Portanto, é necessário que essa doença possa realmente ser combatida. É uma doença ainda considerada negligenciada e precisamos estar sempre mobilizados para tal”, destacou.

A doença, conhecida antigamente, e de forma preconceituosa, como lepra, carrega muitos estigmas devido a desinformação. Durante muitos anos, diversas famílias foram separadas e muitos hansenianos, desde crianças até adultos, foram isolados nos conhecidos hospitais-colônias. Apesar do acesso fácil e rápido a informação, que convive com a doença, seja direta ou indiretamente sabe a força que tem a desinformação.

Marilza Macedo de Assis, integrante do Morhan há mais de 20 anos. Seu pai foi diagnosticado com a doença e afastado da família quando ela ainda era pequena. Acolhida pelo movimento, Marilza aponta que o preconceito sobre a hanseníase ainda é muito grande.

Marilza Assis compartilhou sua história na casa legislativa. Foto: Assessoria

“Meu pai com 19 anos descobriu a hanseníase. Ele foi levado e passou 34 anos na Souza Araújo. Não teve a oportunidade que nós temos hoje de falar que tem tratamento, tem cura e não precisa se esconder ou ter vergonha de dizer que tem alguma mancha ou algum membro do corpo está dormente. Precisamos ter consciência que se a doença apareceu, nós devemos correr e falar que precisamos de ajuda”, disse enfática.

Marilza complementa que o debate tem um grande valor para trabalhar a consciência das pessoas, além de combater o estigma e o medo da doença. “A hanseníase tem tratamento. Quando descobrimos a doença no início, ela tem tratamento. E se descobrir depois, já no meio de vários processos, também tem tratamento. A importância de falar sobre o preconceito, sobre esta doença, está nisso. É necessário que isso aconteça”, finalizou.

É importante ressaltar que a hanseníase é uma doença que tem cura, mas que devido ao preconceito e a falta de informação ainda existem barreiras que permitam o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. O debate é um reforço para a necessidade de ampliar campanhas educativas, garantir acesso ao tratamento gratuito oferecido pelo SUS e apoiar políticas públicas que promovam a inclusão e o respeito aos direitos humanos.

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