Olá, apaixonados por tecnologia! O Radar Tech, sempre antenado nas inovações que transformam o nosso mundo. Hoje, vamos mergulhar em um tema crucial para a segurança digital de todos os brasileiros: um novo ataque cibernético que está mirando especificamente nosso país através do WhatsApp Web. Com o avanço das técnicas de engenharia social e malwares cada vez mais sofisticados, estamos diante de uma ameaça que pode comprometer não apenas nossas conversas, mas também nossos dados bancários e informações pessoais mais sensíveis.
O que é o Sorvepotel e por que devemos nos preocupar?
Pesquisadores da renomada empresa de cibersegurança Trend Micro identificaram uma campanha maliciosa batizada de Sorvepotel — um nome curioso que deriva dos servidores utilizados pelos criminosos, cujos endereços remetem à expressão “sorvete no pote”. Esse malware representa uma nova geração de ameaças que combina engenharia social com técnicas avançadas de controle remoto.
O vírus atua de forma particularmente insidiosa: após infectar um computador, ele assume o controle do WhatsApp Web da vítima e automaticamente envia arquivos maliciosos para todos os contatos e grupos, criando um efeito dominó que amplifica exponencialmente o alcance do ataque.

Brasil no centro do alvo
Os números são alarmantes e revelam o foco específico no mercado brasileiro. Das 477 vítimas identificadas até o momento da pesquisa, impressionantes 457 casos ocorreram no Brasil — representando mais de 95% dos ataques registrados. Essa concentração não é coincidência: o malware foi programado para verificar idioma, localização e formato de data, validando se o sistema pertence a um usuário brasileiro antes de executar suas funções maliciosas.
A investigação da Trend Micro revelou que o Sorvepotel afetou principalmente:
- Organizações governamentais e de serviços públicos
- Empresas de tecnologia
- Instituições educacionais
- Setor industrial e de construção
Como funciona o ataque: a anatomia do golpe
1. Isca inicial
Os criminosos utilizam o WhatsApp para enviar mensagens aparentemente legítimas, como:
- Supostos comprovantes de pagamento
- Orçamentos de empresas
- Documentos urgentes
- Currículos ou propostas comerciais
A mensagem típica inclui frases como: “Baixa o [arquivo] ZIP no PC e abre”.
2. Execução e persistência
Quando a vítima baixa e executa o arquivo ZIP, o malware:
- Instala-se silenciosamente no sistema
- Cria mecanismos de persistência para reiniciar automaticamente
- Estabelece comunicação com servidores de comando e controle
3. Duplo ataque: roubo e propagação
O Sorvepotel opera em duas frentes simultâneas:
Roubo de credenciais:
- Exibe versões falsificadas de sites bancários
- Captura senhas de corretoras de criptomoedas
- Monitora atividades do navegador
- Registra informações digitadas (keylogging)
Propagação automática:
- Assume controle do WhatsApp Web
- Envia automaticamente o arquivo malicioso para todos os contatos
- Replica-se em grupos, explorando a confiança da rede social da vítima
Riscos além do roubo: consequências inesperadas
Além do óbvio risco de ter senhas bancárias comprometidas, as vítimas enfrentam uma consequência adicional: o banimento do WhatsApp. Como o malware envia mensagens repetitivas com arquivos suspeitos, a plataforma pode interpretar essa atividade como spam, resultando no bloqueio da conta.
Segundo Marcelo Sanches, líder técnico da Trend Micro Brasil, a máquina infectada torna-se um “zumbi” sob comando dos atacantes: “É aberta uma porta de comunicação e, a partir disso, o sistema de ataque passa a receber instruções, podendo se atualizar ou receber comandos externos.”
Guia completo de proteção: como blindar-se contra o Sorvepotel
Para usuários individuais:
- Desative downloads automáticos
- WhatsApp > Configurações > Armazenamento e dados > Download automático de mídia
- Desmarque todas as opções ou configure apenas para contatos conhecidos
- Confirme antes de abrir qualquer arquivo
- Mesmo de contatos conhecidos, confirme por telefone ou pessoalmente
- Desconfie de mensagens urgentes ou com erros de português
- Ative a verificação em duas etapas
- WhatsApp > Configurações > Conta > Verificação em duas etapas
- Configure um PIN de 6 dígitos e e-mail de recuperação
- Monitore sessões ativas do WhatsApp Web
- Regularmente acesse: WhatsApp > Dispositivos conectados
- Encerre sessões não reconhecidas imediatamente
Para empresas e organizações:
- Implemente políticas de segurança rigorosas
- Restrinja downloads em dispositivos corporativos
- Bloqueie execução de arquivos .exe de pastas de download
- Configure firewalls para monitorar comunicações suspeitas
- Realize treinamentos regulares
- Conscientize funcionários sobre engenharia social
- Simule ataques de phishing para testar preparação
- Estabeleça protocolos claros para validação de arquivos
- Monitore atividades suspeitas
- Implemente soluções de detecção de ameaças em tempo real
- Configure alertas para downloads e execuções não autorizadas
- Mantenha logs de atividades para investigações
Sinais de alerta: como identificar uma possível infecção
Fique atento aos seguintes indicadores:
🚨 Sinais imediatos:
- Mensagens sendo enviadas automaticamente pelo seu WhatsApp Web
- Janelas do navegador abrindo sem comando
- Pop-ups estranhos ou extensões desconhecidas instaladas
🚨 Sinais de sistema:
- Lentidão anormal do computador
- Alto uso de CPU sem motivo aparente
- Processos desconhecidos no Gerenciador de Tarefas
🚨 Sinais de segurança:
- Alertas de login não reconhecido em contas bancárias
- Notificações de acesso suspeito em e-mails ou redes sociais
- Movimentações financeiras não autorizadas
Protocolo de emergência: o que fazer se você foi infectado
Ação imediata (primeiros 5 minutos):
- Desconecte da internet (Wi-Fi e cabo)
- Revogue todas as sessões do WhatsApp Web pelo celular
- Não digite senhas ou acesse contas bancárias
Limpeza e recuperação:
- Execute varredura completa com antimalware atualizado
- Troque todas as senhas a partir de um dispositivo limpo
- Ative 2FA em todas as contas críticas
- Limpe cache e cookies do navegador
- Verifique programas que iniciam com o sistema
Monitoramento pós-incidente:
- Monitore extratos bancários por pelo menos 30 dias
- Configure alertas de movimentação em contas
- Comunique contatos sobre possíveis mensagens suspeitas
- Considere restauração do sistema se sintomas persistirem
Resposta oficial das instituições
A plataforma reforça suas orientações de segurança: “Independentemente do serviço de mensagens que você use, só clique em links ou abra arquivos de pessoas que você conhece e confia. Estamos sempre trabalhando para tornar o WhatsApp o lugar mais seguro para a comunicação privada.”
Febraban
A Federação Brasileira de Bancos destaca os investimentos em segurança: “O sistema bancário possui robustas estruturas de monitoramento e utiliza o que há de mais moderno em tecnologia e segurança da informação. Neste ano deverão investir quase R$ 48 bilhões em tecnologia e segurança.”
Perspectivas futuras: a evolução das ameaças digitais
O caso Sorvepotel ilustra uma tendência preocupante na evolução das ameaças cibernéticas: a combinação de engenharia social com automação maliciosa. Diferentemente de ataques tradicionais que dependem de falhas técnicas, essa nova geração de malwares explora o fator humano e a confiança nas redes sociais.
A sofisticação crescente desses ataques exige uma resposta igualmente evoluída da nossa parte. Não basta mais confiar apenas em antivírus tradicionais; precisamos desenvolver uma cultura de segurança digital que combine tecnologia, educação e vigilância constante.
O futuro da segurança digital no Brasil desenha um cenário onde a prevenção e a educação não serão mais opcionais, mas essenciais para nossa proteção online. A promessa é de um ambiente digital mais seguro e consciente, onde cada usuário se torna um agente ativo na defesa contra ameaças cibernéticas. Com conhecimento, ferramentas adequadas e vigilância constante, podemos transformar o Brasil em um território menos vulnerável aos ataques digitais. Fiquem ligados no Portal Acre para mais novidades sobre segurança digital e tecnologia!
Robison Luiz Fernandes é Analista de Sistemas e colunista do Portal Acre.