
Por Lane Valle
Todo mês de outubro, vemos o mundo se vestir de rosa. Eu particularmente, amo rosa. É uma onda de solidariedade, informação e prevenção ao câncer de mama — e isso é fundamental.
Mas que tal, queridos leitores, aproveitarmos essa visibilidade para ampliar um pouco mais a conversa, o debate? Afinal, saúde da mulher vai muito além do autoexame e mamografia.
Trabalho, casa, filhos, relacionamento, autocobrança e por aí vai. Já pararam para pensar um pouco como as mulheres lidam com múltiplas jornadas e como isso afeta também a saúde mental delas. Ansiedade, depressão e burnout são comuns, porém, na maioria dos casos ainda são sub diagnosticados.
Falar de câncer é falar de corpo, mas também de mente. Infelizmente, nem toda mulher tem acesso fácil a exames de rotina ou ao tratamento adequado. Mulheres negras, indígenas, periféricas e trans enfrentam barreiras ainda maiores.
Outubro Rosa também precisa ser um grito por equidade, incluir todas as vivências é essencial em uma campanha que se propõe a salvar vidas.
Prevenção também está no dia a dia. A alimentação balanceada, o sono regulado, a prática de atividades físicas e o autocuidado são pilares que ajudam a manter o corpo e a mente saudáveis, além de reduzir riscos de várias doenças, inclusive o câncer.
Outubro Rosa pode ser o gatilho para conversas importantes: sobre medo, corpo, autoestima, sexualidade após o câncer, maternidade, envelhecimento. Essas trocas são terapêuticas e fortalecedoras.
Em vez de só falar sobre o câncer de mama, que tal usar o Outubro Rosa como uma plataforma para falar sobre a vida real das mulheres?
A campanha é um ponto de partida, não um ponto final. Vamos vestir o rosa, sim! Mas vamos também ouvir, acolher, questionar e cuidar, mas um cuidar por inteiro.
Lane Valle é fonoaudióloga, jornalista e colaboradora do Portal Acre.