Rio Branco, 18 de outubro de 2025.

Por que Mailza Assis ainda não caiu no gosto do eleitor acreano

À medida que 2026 se aproxima, o clima político no Acre vai ficando acalorado. Possíveis candidatos se posicionam, alianças se desenham e o eleitor começa, ainda que timidamente, a observar quem tem fôlego e carisma para chegar até o fim da corrida.

Ao longo dos ultimos anos tenho estudado e me especializado em comunicação e oratória, além de ser uma grande apaixonada pelo poder que comunicar de forma assertiva tem. Por isso, me debruçarei em pontuar um pouco daquilo que vejo na comunicação verbal e não verbal dos possíveis candidatos no próximo pleito.

Entre esses nomes, está o da vice-governadora Mailza Assis, que, ao menos no papel, tem todos os ingredientes para conquistar o eleitor: é mulher, está há anos na cena política e ocupa a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, uma das pastas com maior capilaridade popular. Sem contar que ela é a substituta natural de Gladson Cameli, caso ele se afaste para disputar o Senado.

Mas, ainda assim, algo parece que ainda não aconteceu. Mailza não conseguiu, até o momento, se conectar, de verdade, com o povo.

E o curioso é que não é por falta de presença. Ela anda, visita comunidades, toma café nas casas, pega crianças no colo, participa de eventos… faz tudo o que o manual da boa política manda fazer.

Mas a questão é: tudo comunica. E, às vezes, o que não se fala, comunica muito mais.

Ao que parece, Mailza ainda não tem conseguido transparecer verdade. Em entrevistas, discursos e aparições públicas, há uma desconexão entre o que ela diz e o que o público percebe. Seu sorriso, por exemplo, nem sempre soa natural e, que fique claro, não se trata de julgamento, mas de percepção. A comunicação não verbal dela entrega insegurança.

Mailza ainda não teve êxito em se conectar com o povo, isso porque conexão vai muito além do som das palavras. Envolve empatia, espontaneidade e verdade no olhar.

Ao longo de sua trajetória, Mailza sempre esteve cercada por figuras masculinas: mentores, assessores, líderes religiosos e parceiros que, de alguma forma, conduziram parte de sua narrativa política. E, sem precisar dizer uma só palavra, isso comunica ao eleitor que talvez ela ainda não tenha encontrado a própria voz.

Falando em voz, literalmente, esse talvez seja um dos pontos mais sensíveis.
A entonação de Mailza é baixa, por vezes difícil de ouvir. Em entrevistas coletivas, colegas de imprensa se esforçam para entender o que ela diz. Quando alguém “fala para dentro”, além de não ser compreendido, transmite certa fragilidade. Muitos associam isso à timidez. Mas como já disse o escritor Augusto Cury, “a timidez é uma prisão emocional que impede o brilho da inteligência”. Em outras palavras, o tímido evita se expor porque teme o julgamento e isso, na política, é um obstáculo perigoso.

Na comunicação pública, o corpo fala tanto quanto a boca. Postura, olhar, tom de voz e gestos são instrumentos de convencimento. E, no caso de Mailza, esses elementos parecem ainda não conversar entre si. O resultado é uma imagem que oscila entre arrogância involuntária e insegurança disfarçada.

Não se trata de um problema de competência, até porque a vice-governadora é reconhecida por sua disciplina e proximidade com as pautas sociais, mas de percepção. E percepção, em política, é quase tudo.

Para conquistar o coração do eleitor, é preciso comunicar verdade, mostrar força sem perder humanidade, e sobretudo, falar com o olhar de quem sente o que diz.
Mailza tem estrutura, espaço e oportunidade. O desafio é transformar presença em conexão e autoridade em empatia. E para isso, ainda há tempo.

Na próxima sexta-feira, 24, aqui, na coluna Sem Filtro, analiso a comunicação do senador e pré-candidato ao governo, Alan Rick.

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Daigleíne Cavalcante

Daigleíne Cavalcante é jornalista com 17 anos de experiência, palestrante, mentora e estrategista em comunicação e oratória.

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