Rio Branco, 20 de novembro de 2025.

O que é Cloudflare e por que sua falha causou caos na internet

Olá, apaixonados por tecnologia! O Radar Tech está de volta para desvendar um dos eventos mais impactantes que sacudiram a internet nesta terça-feira (18). Se você tentou acessar o X (antigo Twitter), o ChatGPT, o Discord ou até mesmo o Portal Acre se deparou com mensagens de erro pela manhã, não foi o seu computador, nem a sua conexão. O problema estava na Cloudflare – uma empresa que você provavelmente nunca ouviu falar, mas que é absolutamente fundamental para o funcionamento da internet como a conhecemos. Vamos entender o que aconteceu e por que uma falha técnica em uma única empresa conseguiu derrubar milhares de sites ao redor do mundo, mostrando o quanto a infraestrutura digital global é, ao mesmo tempo, impressionante e vulnerável.

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O que é a Cloudflare e por que ela é tão importante?

A Cloudflare é uma gigante norte-americana de infraestrutura digital que atua como uma espécie de guardiã invisível da internet. Fundada em 2009, a empresa oferece serviços de CDN (Content Delivery Network), segurança cibernética e otimização de desempenho para milhões de sites e aplicativos ao redor do mundo.

Na prática, a Cloudflare funciona como um intermediário inteligente entre você (o usuário) e os sites que você visita. Quando você acessa um portal de notícias, uma rede social ou uma plataforma de streaming, a Cloudflare distribui o conteúdo através de uma rede global de data centers espalhados por diversos países. Isso traz três benefícios cruciais:

  1. Velocidade: O conteúdo é entregue de servidores geograficamente mais próximos a você, reduzindo drasticamente o tempo de carregamento.
  2. Segurança: A empresa protege sites contra ataques DDoS (Distributed Denial of Service), invasões e ameaças cibernéticas.
  3. Confiabilidade: A distribuição descentralizada garante que, mesmo se um servidor falhar, outros podem assumir o trabalho.

O problema é que, quando a própria Cloudflare apresenta problemas, milhares de sites que dependem de sua infraestrutura podem ficar inacessíveis ou apresentar erros graves – e foi exatamente isso que aconteceu nesta terça-feira.

O caos da manhã: o que aconteceu no dia 18 de novembro?

Por volta das 8h20 (horário de Brasília), a Cloudflare registrou um “pico de tráfego incomum” em seus serviços, causando uma pane generalizada que afetou inúmeras plataformas populares. De acordo com a empresa, o problema começou quando parte do tráfego que passava por sua sede na Califórnia, nos Estados Unidos, começou a apresentar erros.

Os usuários que tentavam acessar serviços afetados eram recebidos com mensagens como:

  • “Ocorreu um erro. Tente carregar a página” (no X)
  • “Erro 500: Internal Server Error” (mensagem padrão da Cloudflare)
  • Falhas completas no ChatGPT, onde as mensagens simplesmente não eram processadas

O Downdetector, site que monitora instabilidades na internet, registrou um verdadeiro tsunami de reclamações. A Cloudflare teve mais de 5.000 notificações de falhas, o X registrou cerca de 1.100 queixas, e o ChatGPT teve quase 200 relatos de problemas.

Outros serviços também foram duramente atingidos, incluindo o Canva (plataforma de design), o Letterboxd (rede social de cinema), o Discord, o aplicativo de relacionamento Grindr, e até mesmo portais brasileiros de notícias, como o Olhar Digital e o próprio Downdetector – criando uma situação quase cômica em que o site de monitoramento de problemas também estava fora do ar.

A causa: um arquivo de configuração e o mistério do tráfego

A Cloudflare admitiu que a falha foi causada por um arquivo de configuração gerado automaticamente para lidar com potenciais ataques de segurança. Segundo a agência Reuters, esse arquivo acabou desencadeando o problema, provocando um pico repentino e inexplicado de tráfego que sobrecarregou os sistemas.

Em comunicado oficial, a empresa afirmou: “Observamos um pico de tráfego incomum em nossos serviços por volta das 8h20. Estamos investigando a causa desse aumento repentino.”

A companhia trabalhou rapidamente para implementar correções. Às 10h13, a Cloudflare anunciou que havia feito mudanças permitindo que seus sistemas se recuperassem e que as taxas de erro voltaram aos níveis normais. Por volta das 14h45, a empresa declarou oficialmente que estava operando normalmente novamente.

Entretanto, a causa exata do pico de tráfego ainda permanece um mistério. A Cloudflare prometeu divulgar uma análise técnica completa após suas equipes de engenharia concluírem uma investigação aprofundada.

Um padrão preocupante: a terceira grande falha em menos de um mês

O incidente com a Cloudflare não é um caso isolado – é o terceiro apagão de grande escala envolvendo empresas de infraestrutura digital em menos de 30 dias, revelando uma preocupante vulnerabilidade na espinha dorsal da internet moderna.

Outubro de 2025 foi especialmente turbulento:

  • A Amazon Web Services (AWS), maior provedora de serviços em nuvem do mundo, sofreu uma pane que derrubou mais de 500 empresas globalmente, incluindo gigantes brasileiras como iFood, Mercado Livre, Mercado Pago e PicPay.
  • Nove dias depois, foi a vez da Microsoft Azure, o serviço de nuvem da gigante de tecnologia, que causou instabilidades no Teams, Outlook, Copilot, Xbox e Minecraft.

Esses episódios acendem um sinal de alerta sobre a centralização da infraestrutura digital. Quando um punhado de empresas controla boa parte dos serviços essenciais da internet, uma única falha técnica pode provocar um efeito dominó catastrófico, afetando milhões de usuários e empresas simultaneamente.

Lições aprendidas: a fragilidade invisível da internet

A falha da Cloudflare nos ensina três lições fundamentais sobre a internet que usamos todos os dias:

1. Interdependência digital: A internet não é uma entidade descentralizada e robusta como muitos imaginam. Na verdade, ela depende de poucos grandes provedores de infraestrutura. Quando um deles falha, as consequências são globais e imediatas.

2. A importância da redundância: Empresas que dependem 100% de um único provedor de CDN ou nuvem correm riscos enormes. A lição é clara: diversificar fornecedores e ter planos de contingência é essencial.

3. Transparência e comunicação: A Cloudflare foi elogiada por sua comunicação rápida e transparente durante a crise, atualizando constantemente sua página de status. Essa postura é crucial para manter a confiança de clientes e usuários.

O que vem pela frente?

A Cloudflare prometeu divulgar um relatório técnico completo explicando a origem do problema e as medidas que serão adotadas para evitar novos incidentes. Enquanto isso, empresas de todos os tamanhos estão revisando suas estratégias de infraestrutura digital, buscando maior resiliência e menor dependência de fornecedores únicos.

Para nós, usuários comuns, episódios como este servem como um lembrete humilde: por trás da aparente magia de acessar qualquer site instantaneamente, existe uma complexa rede de servidores, cabos, softwares e empresas trabalhando incessantemente nos bastidores. E quando essa engrenagem falha, mesmo que por algumas horas, o impacto é sentido por milhões de pessoas ao redor do mundo.

A internet que construímos é, ao mesmo tempo, uma das maiores conquistas tecnológicas da humanidade e um sistema surpreendentemente frágil, dependente de poucos pilares fundamentais. O incidente da Cloudflare nos lembra que a busca por uma infraestrutura digital mais robusta, descentralizada e resiliente não é apenas desejável – é urgente e necessária. Que possamos aprender com esses episódios e construir uma internet mais forte, segura e confiável para todos. Fiquem ligados no Portal Acre para mais novidades sobre o universo tecnológico que transforma nossas vidas!

Robison Luiz Fernandes é Analista de Sistemas e colunista do Portal Acre.

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Robison Luiz Fernandes

Analista de Sistemas com DNA curitibano, coração cacoalense e alma rio-branquense, com mais de 18 anos como servidor e Analista de Sistemas no judiciário acreano. Apaixonado por tecnologia, compartilhando conhecimentos sobre inovações, tendências e novas tecnologias.

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