O presidente da Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes (Amoprex), Cleydson, se posicionou ao Portal Acre sobre a ação que vem sendo conduzida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na Reserva Extrativista Chico Mendes (Resex) e que vem provocando manifestações de moradores e produtores rurais na BR-317, como bloqueio da estrada em busca de chamar a atenção das autoridades para o diálogo.

Para o presidente, a operação conduzida pelo ICMBio dentro da unidade de conservação é necessária, mas que se “perde” quando levada para dentro do seringal Nova Esperança, área impactada pela atuação. “Essa ação se torna um pouco desnecessária quando começa a prejudicar as famílias que moram dentro do Nova Esperança”, disse.
Ainda segundo o presidente, o processo histórico do seringal é a base para compreender o porquê de a ação não ser necessária. “O seringal Nova Esperança, historicamente, ali entre 2007 e 2008, era uma área da reserva extrativista que não era reconhecida como reserva extrativista pelos moradores. Só a partir de 2008, quando o ICMBio começou a entrar nas áreas e colocar as sinalizações, que se iniciou um debate, mas ainda sim as famílias não conheciam, não havia demarcação do território”, acrescenta.
Na visão de Cleydson, o processo histórico impacta diretamente em como os moradores percebem a terra e alimenta a atividade de venda das porções de terra. “Eu posso dizer para vocês que nesse momento, o estado federativo, ali naquele território, foi omisso, o que levou as pessoas a fazerem as coisas da forma que vinha na sua cabeça. Diante desse processo histórico e por ser uma área bem próxima a estrada, algumas irregularidades aconteceram ali dentro”, explica.
“Tendo em vista esse trabalho, nós já estamos atualizando uma parte da reserva extrativista. Ultimamente, nós realizamos um trabalho junto ao ICMBio, a nível de Acre, procurando uma saída para a situação das famílias que ali residem, já que aquelas famílias não se enquadram nos instrumentos de gestão que a própria associação tem, que seria o plano de utilização, plano de manejo e perfil de beneficiário. Ali há famílias tradicionais com um modo de vida especifico, com um modo de vida totalmente diferente”.
Durante o trabalho, foram realizadas duas reuniões nos núcleos de base do Alta Mira e Maloca, nos dias 26 e 27 de fevereiro deste ano, em busca de resolver a situação das famílias que residem na localidade, para que elas possam se atualizar na relação de benificiários. Atualmente, o Nova Esperança tem em média 140 famílias, sem que nenhuma se enquadre nos instrumentos de gestão.
“A gente começou a fazer esse trabalho em prol dessas famílias e de repente o ICMBio pensa uma ação para aquela área especifica que para mim é muito injusta, mal pensada, já que nenhuma daquelas famílias está legal. Então para mim, mover uma ação onde não há ninguém legal, é injusto. Porque acredito que nós tínhamos que pensar em um modelo diferente para aquela área, para atender as necessidades daquelas famílias, levando em conta que são famílias de produção, da agricultura familiar, entendendo as nuances, e não fazendo uma ação truculenta dessa. Eu estaria de acordo se fosse uma ação total, retirando todo mundo porque todos estão ilegais, mas está afetando duas famílias injustamente. Essa ação deveria ser integrada”.