Nesta terça-feira, 17, a Câmara Municipal de Rio Branco recebeu representantes do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) que participaram da Tribuna Popular. A iniciativa foi do vereador João Paulo (Podemos) em alusão a Semana Municipal de Conscientização, Prevenção e Combate à Hanseníase.

Para o vereador, o debate serve para auxiliar a desmistificar que a hanseníase não tem cura, já que anteriormente era conhecida, de forma preconceituosa, como lepra e, por bastante tempo, muitas famílias foram segregadas.
“E hoje nós estamos trazendo essa temática para dentro do município de Rio Branco, e pedindo também à Prefeitura, que descentralize o serviço hoje que é na conta do Estado. A gente precisa ter unidades básicas de referência para o cuidado da pessoa com hanseníase, para facilitar o acesso do usuário”, destacou.
O Acre, segundo levantamento do Ministério da Saúde, tem a maior taxa de casos da doença a cada 100 mil habitantes no país. A maior prevalência é nos municípios de Rio Branco e Cruzeiro do Sul.
Segundo Elson Dias, coordenador do Morhan, sempre que se fala em trabalhar com a questão da hanseníase no Acre e no Brasil é um desafio devido ao estigma e preconceitos com a doença, principalmente os mitos do passado que levaram ao isolamento de muitas pessoas.
“Esse é o momento da gente discutir como está a atual situação da hanseníase em Rio Branco, quais são os desafios a serem enfrentados para que as pessoas com hanseníase não cheguem já no centro de referência com sequelas da doença. Além dessa questão de buscar o direito das pessoas que foram acometidas pela hanseníase, a gente também busca pelo autocuidado dessas pessoas desde o diagnóstico, o tratamento e a cura”, explicou.
A tribuna também tem como objetivo abranger as redes de atendimento para as pessoas diagnosticadas com hanseníase, já que hoje o estado possui dois centros de referência: o setor de Dermatologia Sanitária na Fundação Hospitalar, em Rio Branco, e a Colônia Ernani Agrícola, em Cruzeiro do Sul.
“Que essas pessoas possam ter o seu atendimento na unidade básica de saúde da sua regional, do seu bairro. Quando aparecer o primeiro sinal de sintoma da doença, essas pessoas não tenham que sair do seu bairro para o centro de referência da hanseníase, mas que sim façam acompanhamento na sua comunidade”, complementou Elson.
Outro ponto abordado na tribuna desta terça-feira, é o benefício que o governo federal tem assegurado para as pessoas com o diagnóstico da doença. De acordo com Bil Souza, membro da diretoria do Morhan Nacional, uma das intenções do debate é a aprovação de um documento a ser enviado para Brasília, para a comissão especial, que está analisando os processos de pensão vitalícia, que é amparada pela Lei nº 11.520/2007.
A lei concede pensão especial às pessoas atingidas pela hanseníase que foram submetidas a isolamento e internação compulsórios.
“Essa pensão vitalícia é para a pessoa atingida pela hanseníase até o ano de 1986, que comprovar isolamento nos hospitais colônia, em seringais e domiciliar, bem como os filhos separados dos pais pelo internamento compulsório. A gente segue no país todo, e sobretudo no estado do Acre, nessa pegada para garantir esses direitos”, enfatizou.
Representando a secretaria de Saúde de Rio Branco, a diretora de Vigilância em Saúde, Socorro Martins, participou da tribuna e disse que está sendo preparado o plano de intensificação para as ações de descentralização.
“O secretário Renan já determinou que as unidades onde nós vamos descentralizar, as unidades que estarão atendendo esse público. Unidades onde fica o acesso bem mais rápido e essas pessoas podem ter um atendimento a livre demanda, então chegou e é atendido”, disse.
Na quinta, 19, e sexta-feira, 20, serão realizadas capacitações mas unidades de saúde Roney Meirelles, Bacurau, Hidalgo de Lima e Cláudia Vitorino. Na próxima semana já começam os atendimentos.