Rio Branco, 3 de junho de 2025.

Contem Vida

A Fonoaudiologia e seu papel nos cuidados paliativos

Por Lane Valle

Conhecida por sua atuação em voz e fala, a fonoaudiologia não se restringe apenas a essas áreas. Presente em várias etapas da vida e responsável por todos os processos de comunicação humana e do seu desenvolvimento, os profissionais de fonoaudiologia atuam desde a sucção do leite materno à deglutição na terceira idade.

Nos cuidados paliativos então, exercem um papel de extrema importância, pois são eles capazes de proporcionar momentos únicos, seja de resiliência, serenidade em adaptar rotinas e garantir a segurança das consistências alimentares desejadas pelo paciente e, quando viável, proporcionar às chamadas dietas de conforto, com estratégias de compensação para prevenir complicações, como a broncoaspiração.

Nesse contexto, o fonoaudiólogo, em particular, tem se tornado um membro atuante e importante da equipe multiprofissional que visa a qualidade de vida não apenas dos pacientes acamados ou em fase terminal, mas também de seus familiares e de toda a equipe que necessita, diariamente, do entendimento e comunicação para ofertar o melhor cuidado em prol do paciente.

Nos Cuidados Paliativos, a fonoaudiologia busca cumprir o papel de oferecer as abordagens mais adequadas e eficientes para cada caso, avaliando e indicando estratégias para contornar os impactos negativos relacionados à disfagia (dificuldade de engolir) e à comunicação ineficientes.

O acompanhamento fonoaudiológico quando ocorre de forma precoce, viabiliza maior conforto e possibilidades de o paciente realizar suas escolhas e expressar seus desejos, como a vontade em se alimentar pela boca, uma vez que o alimento representa em seu cotidiano, prazer e qualidade de vida.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS, os cuidados paliativos priorizam a qualidade de vida dos indivíduos acometidos por doença grave e incurável, incluindo também o apoio ao familiar e à rede de cuidado. O manejo desse paciente deve ser baseado no controle dos sintomas e no gerenciamento da dor, seja ela física, psíquica, social e/ou espiritual.

Infelizmente, ainda são poucos os fonoaudiólogos compondo as equipes hospitalares, integrandos nos programas de atendimento domiciliares do SUS e nos atendimentos ambulatoriais das unidades de saúde, não apenas do Acre, mas de todo o país.

A luta pelo reconhecimento da necessidade de mais fonoaudiólogos nos espaços de saúde pública ainda é muito tímida, e não ganhou os holofotes da imprensa e nem dos palanques políticos para que não apenas seja reconhecida, mas que se torne uma prioridade, pois a baixa oferta desses especialistas gera prejuízos àqueles que enfrentam, sobretudo, doenças graves e avançadas que não recebem o cuidado adequado referente à segurança alimentar no final de suas vidas.

Lane Valle é fonoaudiológa e colaboradora do Portal Acre.

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