Rio Branco, 28 de junho de 2025.

Contem Vida

Com apenas 8 anos, Laura de Oliveira publica terceiro volume da obra “As Aventuras de Kiwi” neste sábado, em espaço no Via Verde Shopping

Para muitos, a habilidades de criar universos, personagens e histórias envolventes pode parecer complexa, mas para a acreana Laura de Oliveira Mota, de apenas 8 anos, é como respirar. Com apenas 2 anos, já dominava o alfabeto, e ditava as letras como parte de uma brincadeira. A aptidão e gosto pela literatura fizeram com que Laura já iniciasse o ensino básico sabendo ler e escrever. A pequena escritora, diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA), possui altas habilidades de aprendizado, em especial, na área de linguagens.

Ao lado do pai, um dos principais incentivadores da filha escritora: Foto arquivo pessoal

O talento da criança logo ficou perceptível aos pais que, após o laudo de autismo, solicitaram ao Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S) a investigação de altas habilidades. Aos 7 anos, quando começou o processo de identificação, demonstrava um domínio superior ao visto em demais crianças na mesma faixa etária, o que inclui habilidade de leitura e interpretação textual aprofundada.

Segundo o pai de Laura, Márcio Bento Mota, o interesse da filha caminhava junto com a facilidade de aprender. Para a pequena, as fases de aprendizagem eram uma extensão das brincadeiras e momentos de lazer. “Aprender sempre foi uma diversão para ela, e ela é quem cria as histórias, faz todos os esboços [das ilustrações] do início ao fim”, disse Mota.

O processo de criação da escritora mirim é minucioso. Primeiro, Laura dá vida a suas ideias em um texto a mão, assim como com as ilustrações. Depois, o conteúdo é passado para o digital, onde as páginas que irão para a versão final são selecionadas. “Depois desse processo, as professoras do núcleo fazem a correção gramatical e eu sou responsável pela diagramação”, acrescentou o pai.

Ainda segundo Márcio Bento Mota, há mais de 11 histórias prontas e que aguardam recursos para publicação. “Tudo nós fazemos por conta própria, uma produção independente. No momento, as histórias dela ainda não foram aprovados pelos projetos de incentivo à cultura, disponibilizado pela Fundação de Cultura Elias Mansour”, explica.

Processo de criação de Laura começa com escrita e ilustração feitas à mão: Foto cedida

Enquanto aguardam a aprovação, a família continua com a publicação dos livros com recursos próprios, uma forma de incentivar a filha. O apoio familiar já rendeu 2 publicações e no sábado, 28, Laura de Oliveira fará o lançamento de seu terceiro livro, intitulado “As Aventuras de Kiwi 3, o Dólar”. O livro foi produzido após a escritora ganhar uma cédula de dólar de um familiar. A cerimônia de lançamento acontece no Espaço Cultural da Calma, no Via Verde Shopping, a partir das 18h deste sábado, 28.

O personagem Kiwi, protagonista das histórias de Laura de Oliveira, é inspirado em uma ave da Nova Zelândia. De acordo com a chefe do NAAH/S, Jeane Machado, a identificação do interesse da criança pelo animal foi essencial para o desenvolvimento das atividades. “Ao longo dos atendimentos, foi possível observar a manifestação de altas habilidades e superdotação, como rapidez no pensamento, capacidade elevada de concentração nas atividades relacionadas à escrita e dessa forma, conseguimos oferecer um ‘leque’ de atividades diversificadas sobre leitura, interpretação e produção textual, sempre associadas ao interesse na ave Kiwi”, esclarece Jeane Machado.

Laura é acompanhada pelo Núcleo de Altas Habilidades

A chefe do núcleo também aponta que a capacitação de profissionais da área de educação desempenha um papel essencial no desenvolvimento de crianças com altas habilidades, já que torna possível atender cada um deles de forma adequada, o que funciona como incentivo para as atividades de interesse pessoal, como a de Laura de Oliveira.

“Profissionais treinados criam ambientes desafiadores, oferecem atividades de enriquecimento curricular e extracurricular, apoiam o desenvolvimento emocional e social dessas crianças. Isso faz com que elas se sintam mais acolhidas, motivadas e desafiadas, potencializando seu crescimento. Além disso, conseguem identificar sinais precoces de AH/SD, promovendo uma abordagem mais inclusiva e personalizada, o que fortalece sua autoestima, autonomia e sucesso futuro”, complementa.            

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