A inauguração do maior complexo industrial de café da agricultura familiar da Região Norte, neste sábado, 28, em Mâncio Lima, representa muito mais do que um investimento de R$ 10 milhões.
Para produtores como Francisco Romialdo da Silva e Alexandre Santos, a transformação já é uma realidade que pode ser medida em grãos, renda e dignidade.
Francisco é engenheiro agrônomo, produtor e empreendedor por trás do Café Vô Raimundo, uma marca nascida há quatro anos, que hoje representa o sonho da verticalização da produção cafeeira no Juruá.

“90% dos cooperados vêm da agricultura familiar e ter acesso a toda essa tecnologia é muito importante. Já estamos na colheita do café plantado há dois anos e vemos que esse complexo está melhorando significativamente a vida das pessoas”, afirma.
O Café Vô Raimundo é um exemplo de autossuficiência. Toda a matéria-prima é cultivada pela própria família, em um sistema que vai do viveiro à xícara. “Somos autossuficientes, nossa matéria-prima é produzida por nós. Temos uma produção verticalizada, desde as mudas até o café pronto para o comércio. Já estamos presentes nos comércios do Juruá e trabalhando para chegar a Rio Branco e, quem sabe, ao restante do Brasil”, diz Francisco.

Outro exemplo de empreendedorismo rural é Alexandre Santos, do viveiro Carvalho Coffee.
Agricultor desde a infância, ele viu a realidade da cidade mudar com a chegada da cultura cafeeira.
“A expansão do café atingiu toda a cidade: novos viveiros, novos empregos. Antes, a renda vinha do Bolsa Família e do auxílio pescador. Hoje, muitas famílias estão saindo dessa dependência graças ao café”, relata.
A Carvalho Coffee nasceu há um ano e já conta com 25 funcionários. A estimativa é que a produção de mudas salte de 200 mil para 1 milhão. “Vamos passar de R$ 300 mil para R$ 1,8 milhão de faturamento. Isso muda tudo. Antes a gente trabalhava com tomate e farinha, que davam muito mais trabalho e um retorno muito menor”, conta.

Histórias como essas confirmam que, quando o investimento chega ao lugar certo, o resultado vai muito além da produção: gera autonomia, empoderamento e futuro para quem vive da terra.