A Justiça do Acre determinou, em decisão liminar, o bloqueio imediato de múltiplos perfis nas redes sociais utilizados para assediar, ameaçar e constranger uma mulher grávida. O caso, que tramita em segredo de justiça, envolve a prática reiterada de violência psicológica e perseguição virtual, conhecida como stalking, por meio de mensagens ofensivas e intimidadoras.

Prints obtidos pelo Portal Acre revelam o conteúdo das mensagens que sustentam o pedido judicial. Entre os ataques estão ameaças de morte como “Eu ainda vou pisar na terra do teu caixão”, incitação ao suicídio, insultos misóginos e humilhações constantes. Há, inclusive, indícios de tentativa de clonagem do aplicativo WhatsApp da vítima com o objetivo de invadir sua privacidade e acessar conversas pessoais.
Em uma das mensagens mais perturbadoras, a autora do assédio direcionada a violência ao bebê que está na barriga da vítima: “eu vou chutar tanto essa tua barriga, até você perder esse filho.”
Em outro trecho, a parte processada envia uma foto que aparenta retratar um ritual macabro: uma boneca em chamas, cercada por velas vermelhas, acompanhada da frase “Você não imagina o que te espera. Em breve você vai se matar cortando sua própria garganta.” A cena configura uma ameaça direta, com forte carga simbólica, e agravada pelo contexto emocional e gestacional da vítima.
Os ataques partiram de diversos perfis falsos, usados para contornar bloqueios e manter o ciclo de violência. A decisão judicial obriga a plataforma a remover os perfis ofensivos em até 24 horas, sob pena de multa, e determina também a preservação dos dados dos agressores e seu fornecimento às autoridades competentes, com base no Marco Civil da Internet.
A medida busca garantir proteção imediata à vítima e reforça a urgência no combate à violência digital, especialmente quando ela se manifesta de forma sistemática e cruel, contra mulheres em situação de vulnerabilidade.