Garantir educação de qualidade às regiões isoladas do estado do Acre ainda é um dos principais desafios do estado. A educação do campo é marcada por problemas logísticos e estruturais que potencializam à evasão escolar e afetam a produtividade dos estudantes que resistem e buscam pelo direito à aprendizagem. Em junho de 2025, uma matéria veiculada no programa nacional Fantástico expôs a realidade dos alunos da Escola Limoeiro, localizada na zona rural do Bujari, reacendeu a discussão sobre os problemas da educação pública no território amazônico.

O secretário de Estado de Educação, Aberson Carvalho, participou nesta quinta-feira, 31, da transmissão ao vivo do Portal Acre e dialogou sobre a problemática junto dos apresentadores Leônidas Badaró e Daigleíne Cavalcante, e apontou a realidade do Acre.
“Quando a gente fala da Amazônia, do Acre e do Brasil, quando a gente fala de educar na floresta, a gente está falando da adversidade total. Imagine, são 18 dias de barco para entregar merenda nas escolas. E a gente sabe que nós temos períodos de seca e o desafio aumenta. É muito fácil fazer educação urbana nos grandes centros, porque a estrutura está consolidada e o ônibus está na porta. Na Escola Limoeiro, por exemplo, tem alunos que demoram três horas para ir e para voltar e passam quatro horas na escola. 10 horas do dia ele está neste trânsito para conseguir estudar. Essa realidade não é contada no Fantástico”, disse o secretário.
Aberson Carvalho reforçou que o tópico de discussão não é apenas a Escola Limoeiro e sim a educação da Amazônia de forma geral. “Muitas vezes, a única figura do poder público é o professor. Não existe uma estrutura física, mas tem o professor, um cidadão que é o estado presente e é essa educação descentralizada que garante que aquele povo permaneça na floresta. Compreender que garantir a essa população que se mantenha em sua cultura, em suas tradições, é garantir um desenvolvimento do indivíduo, sabendo ler e escrever, mas também produzindo e podendo viver da sua floresta”, explicou Carvalho.
Investimento em alimentação
O programa “Prato Extra”, uma iniciativa do governo do Acre que busca garantir segurança nutricional para alunos da rede estadual de ensino ao oferecer uma refeição adicional além do lanche escolar regular. A alimentação também é fornecida no período de recesso escolar.

“Quem tem fome, não tem férias. E por isso a gente trabalhou para garantir o prato extra nas nossas escolas. Visitando uma escola, vi uma criança chegando para comer com uma vasilha e perguntou se podia levar para casa e eu perguntei ‘É para o seu irmão? Ele estuda aqui?’ e ele disse que sim, mas que o irmão não estudava ali. Ou seja, ele pode dividir o que ia comer com o irmão, mostrando que educação é uma garantia de direitos”.
O secretário de Educação projetou que a prática adotada vem diminuindo a evasão escolar e melhorado a qualidade de ensino.“A dor da fome deixa você fora de si e agora nós temos a garantia de que esse estudante come todos os dias”, completou.