Rio Branco, 12 de agosto de 2025.

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Invejoso corporativo: esse talento oculto de monitoramento alheio Por Lane Valle

Por Lane Valle 

Entre voz e disfagia, caros leitores, a colunista que vos escreve, essa semana deu folga para a fonoaudióloga para deixar a jornalista, essa de dedos inquietos e paciência em extinção, entrar em cena para atender o chamado sagrado que todo jornalista sente, em algum momento da carreira, de abandonar a notícia para abraçar a arte da indireta direta.

Sim, porque às vezes tudo que o jornalista quer é escrever um texto só com indiretas, regado a ironias, passivo-agressivo do jeitinho que o teclado gosta. Afinal, há dias em que a única coisa mais afiada que o deadline é a vontade de largar tudo e abrir uma barraca de coco na praia. Mas não. A gente segue. Segue por ética, por amor à profissão e, claro, não vamos esquecer da inspiração diária/mensal: os boletos!

Como a fono está de folga e a paciência tirou férias, e sim!!!! O editor-chefe liberou, hoje a coluna veio para dar aquela alfinetada culta em alguém que, “ninguém sabe quem é”, mas todo mundo sabe de quem se trata. Afinal, o invejoso está para o brasileiro como o cafezinho está para o fim de tarde: sempre tem um por perto.

A verdade é que a inveja é um sentimento humano, universal e… deliciosamente tóxico. Mas, como tudo na vida, ela evoluiu. Hoje, não basta ser invejoso: é preciso ser invejoso com ‘cargo, carreira e salários’. E quando esse tipo ganha acesso as alas governamentais, diretorias e departamentos, o estrago é institucionalizado.

No vasto ecossistema do ambiente de trabalho, temos os líderes, os inovadores, os motivadores… e os invejosos. Esses últimos não constam oficialmente no organograma da empresa, mas exercem uma função estratégica: acompanhar de perto (bem de perto mesmo) o sucesso dos outros.

O mais engraçado e controverso do invejoso, é que no final das contas, ele não quer nem o seu lugar. O seu desejo sádico, muitas vezes, é que você não esteja onde está. É sutil. Enquanto você trabalha, ele analisa você trabalhando, como uma espécie de fã-clube reverso.

Como lidar com esse tipo de colega?

  1. Com leveza e ironia. Levar a sério dá mais poder do que ele merece. Sorria e siga.
  2. Com foco. Ele vai tentar te desestabilizar. Responda com resultados.
  3. Com silêncio. Inveja se alimenta de atenção. Seque a fonte.

Mas, calma. Tudo na vida também tem seu lado bom. A presença do invejoso é como um termômetro de sucesso: se ele está incomodado, é sinal de que você está indo bem. Afinal, deve ser difícil para o invejoso viver nessa constante competição imaginária com alguém que nem sabe que está competindo, e em muitos casos, nem que ele existe.

Minha dica é: quando perceber olhares atravessados no corredor, não se preocupe. É só mais um “fiscal de sucesso” tentando entender como você fez — para depois fingir que não se importa. E, convenhamos, no ambiente corporativo, não há aplauso mais sincero do que a inveja alheia.

Por fim, siga brilhando. A inveja não mata, mas se bobear, infarta.

Lane Valle é fonoaudióloga, jornalista e colaboradora do Portal Acre.

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