Rio Branco, 6 de agosto de 2025.

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Seu filho escuta, mas não entende? Saiba que essa alteração tem tratamento

Por Lane Valle

Ele é distraído, voado, no mundo da lua, mas escuta bem, só não presta atenção no que é falado. Esses são alguns dos adjetivos comuns atribuído as crianças que costumam escutar bem, mas às vezes ou na maioria delas, tem dificuldade de entender o que está sendo ouvido.

Esta dificuldade na infância pode trazer prejuízos, tanto social como de aprendizagem, porque a criança não entende o que o professor fala, não sendo capaz de escrever corretamente, interpretar textos e participar adequadamente de conversas em geral. Isso acontece quando há alguma alteração no chamado Processamento Auditivo Central (PAC), que é o jeito como o cérebro interpreta os sons que chegam pelos ouvidos.

Quando o PAC não funciona direito, a criança até pode ouvir bem, mas não conseguir entender ou prestar atenção nos sons como deveria. Isso pode causar problemas na escola, no trabalho e até na vida social. O Processamento Auditivo Central envolve uma série de habilidades auditivas essenciais para a comunicação eficaz, como a localização do som, discriminação auditiva, reconhecimento de padrões sonoros, compreensão da fala em ambientes ruidosos, entre outras.

Quando há alguma alteração no Processamento Auditivo Central, a pessoa pode ouvir normalmente (ou seja, ter audição periférica preservada), mas apresentar dificuldade para entender, interpretar ou dar sentido aos sons. Essa condição é chamada de Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) ou simplesmente alteração no PAC.

É importante lembrar que o DPAC é, muitas vezes, confundido com outros transtornos, a exemplo do TEA e TDAH. Por isso, o diagnóstico precoce e a intervenção adequada são fundamentais para melhorar a qualidade de vida da pessoa afetada.

Os sintomas do DPAC, podem variar e ter diferentes formas de apresentação em crianças e adultos. Confira se você ou alguém que conheça apresenta alguns desses sintomas:

  • Dificuldade para entender a fala em ambientes com ruído;
  • Problemas para seguir instruções orais, especialmente se forem longas ou complexas;
  • Solicitação frequente de repetição (“O quê?”, “Hã?”, “Como assim?”);
  • Dificuldade em localizar a origem de um som;
  • Problemas de leitura e escrita (por exemplo, confusão de sons semelhantes);
  • Dificuldade para manter a atenção auditiva;
  • Resposta inadequada a estímulos auditivos, mesmo com audição normal;
  • Dificuldade de compreender o que lê;
  • Problemas de produção de fala envolvendo as letras “L” e “R”;
  • Inversão de letras e problemas de orientação direita e esquerda.

Causas possíveis:

As alterações no PAC podem ser congênitas (presentes desde o nascimento) ou adquiridas (como após infecções de ouvido frequentes, traumatismos cranianos, privação sensorial auditiva na infância ou envelhecimento). Fatores genéticos, neurológicos e ambientais também podem estar associados.

Diagnóstico:

O diagnóstico é feito por um fonoaudiólogo especializado, por meio de uma bateria de testes auditivos específicos que avaliam diferentes aspectos do processamento auditivo. Antes disso, é essencial garantir que a audição periférica esteja normal (exame audiológico).

Tratamento:

São feitas sessões semanais presenciais e também indicação de exercícios diários para serem realizados em casa. O tratamento varia conforme o perfil da alteração. Na terapia, o fonoaudiólogo, após mapear a dificuldade do paciente, organiza a reabilitação com exercícios verbais e não verbais, dentro e/ou fora da cabine acústica.

Alterações no Processamento Auditivo Central não indicam uma deficiência intelectual ou perda auditiva, mas podem impactar significativamente o desempenho escolar, social e profissional.

Lane Valle é fonoaudióloga, jornalista e colaboradora do Portal Acre.

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