Na última sexta-feira, 11, a prefeitura de Rio Branco decretou Situação de Emergência em Saúde por conta do agravamento de doenças respiratórias na capital acreana. O decreto tem validade de seis meses e leva em consideração que até a semana epidemiológica 21 deste ano, já foram realizados 18 mil atendimentos por doenças respiratórias e 499 internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), sendo 42,1% delas em crianças menores de dois anos e 18% em idosos com 60 anos ou mais. Além disso, 29 óbitos por SRAG, sendo 6 confirmados por covid-19, também foram registrados.
Considerando todos esses dados, o Portal Acre conversou com o médico pediatra, alergologista e imunologista, Guilherme Pulici, para saber quais cuidados devem ser tomados para evitar ou amenizar essas infecções.
O médico destaca que as doenças respiratórias que predominam nesta época do ano são as causadas, principalmente, por agentes virais como influenza, parainfluenza, vírus sincicial respiratório, rinovírus, coronavirus, entre outros.
“Todos causam sintomas variáveis, porém com boa semelhança como febre, coriza (corrimento nasal), tosse, lacrimejamento, dor de cabeça, no corpo e nas articulações. Crianças, idosos e portadores de doenças crônicas (autoimunes, imunodeficiências primárias e secundárias, cardíacas, renais, hepáticas, respiratórias) são mais suscetíveis e apresentam maiores índices de internações e mortes”, explica Pulici.
Outro ponto a ser destacado é a intensificação do verão amazônico no estado. Neste período, o Acre enfrenta desafios como o aumento de queimadas e incêndios urbanos. Além disso, o mês de julho marca o início da chamada estiagem e o tempo seco, provocado pela ausência de chuvas, muda o cenário do estado acreano com a fumaça que causa, além da possibilidade de tragédias com as chamas, diversos danos à saúde.
“As queimadas são um ingrediente indesejável que agravam a inflamação nas vias respiratórias, provocando uma reação imunológica danosa e pode piorar as doenças respiratórias e as doenças de base”, aponta o médico.
Conforme o decreto de situação de emergência, o atual cenário a capital acreana compromete a capacidade assistencial do sistema municipal de saúde e requer a necessidade de complementação de recursos humanos, a ampliação dos ampliação dos horários de funcionamento de unidades de saúde e a instituição de plantões extraordinários.
Para além desta questão dos atendimentos nas unidades de saúde, a prevenção é uma das ferramentas que também auxilia no combate dessas infecções. A partir disso, o médico ressalta que alguns hábitos são essenciais para amenizar ou evitar essas doenças.
“Hidratação, boa nutrição, calendário vacinal em dia (afinal alguns agentes podem ser evitados ou ter o quadro clínico bem mais leve através de vacinas), bons hábitos de sono e atividade física regular (e em horários adequados, de preferência ao amanhecer e anoitecer quando a concentração de poluentes é menor) são pontos chave para evitar ou amenizar o quadro clínico destas doenças respiratórias aborrecedoras nesta época”, enfatiza Pulici.
