A cidade de Xapuri, no Acre, símbolo histórico da luta socioambiental brasileira, ocupa lugar central na programação do festival Dialogues en Mouvement (Diálogos em Movimento), promovido pela associação Autres Brésils em Paris. Parte da Temporada Cultural Brasil-França 2025, o festival oferece uma imersão na criação contemporânea brasileira por meio de cinema, literatura, performances artísticas, fotografia, debates e encontros com cineastas, escritores, artistas e ativistas engajados nas transformações sociais e ambientais do Brasil atual.
Um dos destaques do evento é a exposição Les Gardiens de l’Amazonie (Os Guardiões da Amazônia), apresentada em parceria com a Prefeitura de Paris. A mostra reúne o trabalho visual do fotógrafo brasileiro J.L. Bulcão e do designer francês Antoine Olivier, e será exibida de 3 a 20 de junho na travessa dos Champs-Élysées, em frente ao Jardin des Ambassadeurs, e de 20 a 24 de junho no pátio do Hôtel de Ville de Paris, como parte das comemorações do 10º aniversário do Acordo de Paris.
Composta por 32 fotografias em grande formato, a exposição retrata a profunda relação entre a preservação da floresta amazônica e a sobrevivência de seus povos. As imagens de Bulcão, que há mais de 20 anos documenta comunidades amazônicas, e o trabalho cenográfico de Antoine Olivier, criado após uma imersão na região, colocam o público em contato direto com personagens que mantêm viva a floresta por meio de seus saberes tradicionais.
Entre os retratados estão os seringueiros de Xapuri, os índios Sateré-Mawé com seus cultivos de guaraná, as catadoras de açaí e as quebradeiras de coco babaçu. Os registros revelam, com beleza e sensibilidade, o cotidiano e a resistência dessas populações, consideradas os verdadeiros guardiões da Amazônia.
Outro momento marcante da programação será o encontro “Vozes da Amazônia”, no dia 12 de junho, com a ativista ambiental Ângela Mendes, filha do líder seringueiro Chico Mendes. Em sua fala, ela abordará os desafios enfrentados por indígenas, ribeirinhos e quilombolas diante da emergência climática, destacando as formas de resistência adotadas pelas comunidades da floresta para proteger seus territórios e modos de vida.
Com base na divulgação do evento, o festival Dialogues en Mouvement propõe não apenas um intercâmbio cultural entre Brasil e França, mas também uma plataforma de escuta e reflexão sobre os caminhos da justiça climática e social. Ao colocar Xapuri e os povos amazônicos no centro do debate, o evento reafirma o papel da arte e da memória como instrumentos de conscientização e transformação global.
