A deputada Michelle Melo (PDT) promoveu, nesta segunda-feira, 16, na Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac), uma audiência pública para debater o caso Joycilene Souza de Araújo, vítima de suposto caso de feminicídio psicológico, em 17 de novembro do ano passado.
Em entrevista ao Portal Acre, a irmã de Joyce, Jaqueline Araújo, falou sobre a importância do encontro para retirar o caso da estatística de suicídio para que o crime seja reconhecido como feminicídio.
“A Joyce está dentro da estatística de suicídio e isso culpabiliza a vítima. E a nossa luta, o que nós queremos discutir aqui hoje, é o reconhecimento de um crime que não está dentro do sistema jurídico, que é o feminicídio psicológico”, afirma.

Jaqueline Araújo também fez um apelo a população. “Com frequência, fazem perguntas para nós, a família, porque nós não observamos. ‘Por que vocês não viram isso?’. E queremos pedir. Parem. A culpa não é da Joyce. A pergunta é: Por que ele fez isso com ela?”, disse.
Durante a audiência, a procuradora do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), Patrícia Rêgo, chamou a atenção para a luta da família da vítima. “A Jaqueline transformou o luto em luta. Mas a que custo? Hoje, essa família revive todo o sofrimento de forma pública em prol de transformar essa realidade e ajudar outras mulheres”, disse a procuradora.
Patrícia Rêgo ainda acrescentou que há uma série de responsabilidades, a nível de direito, que precisam ser efetivadas. “Primeiro, precisamos fazer justiça a verdade e a memória da Joyce. Ela não pode ser esquecida. E precisamos trabalhar a recuperação integral. O agressor precisa ser responsabilizado e a família precisa receber uma reparação cívil”, reiterou.

A parlamentar Michelle Melo declarou que, assistindo o caso, é possível ver inúmeros problemas de políticas públicas. “A violência contra à mulher está virando praxe no nosso estado. Nós vemos sendo amplamente divulgados, casos de mulheres sendo violentadas, e sofrendo esse estelionato financeiro, emocional, que culmina no adoecimento dessas mulheres”, disse.
A deputada do PDT ainda acrescentou que o estado não pode deixar as mulheres vítimas de violência sem apoio. Todos sabem a dificuldade que é uma mulher falar sobre o que sofre. Isso não é fácil e não podemos permitir que as mulheres que tiveram fôlego para sair desse ciclo de violência, não encontrem no estado o apoio necessário”, declarou.